22 de Março de 1799


Hoje, estive em uma igreja de protestantes alemães onde havia um púlpito muito elevado; por baixo, uma mesa coberta com uma toalha; sobre ela estavam 3 grandes jarros de prata onde havia partículas de hóstias; o lugar onde estava esta mesa era cercado por grades que tinham 5 palmos de alto, e a ela se encostaram muitos homens que encheram a grade toda ao redor; dois ministros estavam dentro vestidos de hábitos pretos, um deles tirou da sopeira ou urna de prata com uma colher quantidade de hóstias que deitou em uma patena e entrou a distribuir pelos homens que se achavam ao redor da grade; e ao mesmo tempo o outro ministro deitou vinho de um dos jarros para um vaso, e dava a beber um gole ou dois a cada um dos que já tinham tomado a partícula; foram-se estes homens e o lugar se encheu com mulheres, as quais, tendo comungado, pelo mesmo modo, pão e vinho, se retiraram, e o lugar foi cheio por outras, o que se repetiu até que todas tivessem vindo; todas as mulheres que se chegaram para comungar estavam, ou todas de preto, ou todas de branco, e não pode deixar de haver alguma diferença nisto porque, umas vezes, se enchia a mesa com mulheres todas de preto, e outras vezes, com mulheres todas de branco, mas, em geral, traziam uma touca branca na cabeça, e aquelas que traziam chapéus, ou outra espécie de toucado, o tiravam deixando só ficar a touca branca que traziam por baixo. (Nota à margem – Todas estas mulheres que comungavam de pé estavam a chorar ou a afectar que choravam, e a limpar os olhos com um lenço.) Como era sexta-feira da Paixão, estive na igreja dos católicos onde se fizeram as cerimónias do dia.

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