23 de Abril de 1799

Hoje, mudei de alojamento para uma casa particular.
Estive com um francês, Mr. Mourgece, que me perguntou a outro Mr. Olive; aquele, sendo um rapaz de França, me emprestou um livro inglês onde vem transcrita toda a maçonaria, palavras, sinais, etc. Mr. Olive, que é um mercador, vive nos Estados Unidos há muitos anos, me disse que era do carácter americano a ambição e o amor ao dinheiro, assim como a desconfiança, pois que jamais um americano acreditaria a outro, senão supondo que ele algum interesse no que lhe diz, que a dissimulação provinha de um princípio de educação, pois que os pais dizem aos filhos: “Não digas jamais o que tu pensas.” A noite estive com o vice-cônsul português cujo carácter e conversação não escrevo como escusado. O caráter especulativo dos americanos, que me foi tão gabado por Mr. Lownes, em Filadélfia, me foi hoje inteiramente negado, e me disseram que, pelo contrário, eles aqui vão às cegas para onde os outros vão. Disse-me o sobredito vice-cônsul que o tabaco do Brasil seria aqui bem estimado se não fosse o vir aqui tão caro depois de comprado em Lisboa.

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