9 de Maio de 1799

É um generalíssimo costume em New York o mudarem-se todos no 1º de maio. Neste dia, foi tal a confusão pelas ruas que me pareceu estranho; os carreiros e acarretadores estão por um preço imenso, na rua não se encontra um só homem, uma só mulher, um só rapaz, sem que levasse algum traste; assento que não ficou uma quarta parte da cidade sem se mudar.
Hoje, fui a Long-Island atravessando o rio em um barco de passagem. A economia destes barcos é esta: pertencem estas barcas à corporação da cidade que os traz por contrato arrendados, e é esta uma renda da corporação da cidade, que é uma assembleia bem análoga às nossas Câmaras; estes botes são obrigados a partir assim que chega o outro da outra parte, irremediavelmente, e só podem esperar 15 minutos depois. Na outra parte está uma pequena aldeia chamada Brooklyn, onde há as stages que vão para Jamaica e outras povoações da ilha, que é quase toda povoada por holandeses. Aqui, há um excelente lugar para construir navios, e se estava fazendo uma fragata, por conta dos negociantes, para venderem ao Estado; ela se há de chamar United States Ship Adams, em honra do Presidente cuja figura tem na proa! Desta ilha vem principalmente o leite que se vende em New York, e como ela é muito abundante na primavera em Wild onions, ou cebola selvagem, daqui vem que o leite em New York na primavera tem um gosto a cebola intolerável.
Nesta ilha, há imensidade de macieiras e há principalmente um lugar ou quinta onde elas estão bem arrumadas e compostas, o que faz um excelente passeio de sombra. Daqui tem New York uma vista admirável e a terra toda me pareceu assaz forte e fértil. Ao pé da fragata havia um engenho de serrar madeira para a obra, com a água da maré, que me pareceu tão simples como vantajosa, e observei melhor as serras, de que já tinha visto fazer uso em New York, que são serras braçais, mas sem armas, e só com um cabo de ferro onde há uma travessa de ferro para lhe pegar, e, embaixo, uma espécie de tenaz por onde pega o que serra de baixo (vide margem); mas não me pareceu boa esta peça inferior, e seria mais simples ter a serra um forâmen na parte inferior, uma cavilha e, nesta, segurar o serrador de baixo.
Uma observação me foi feita sobre o método de limpar as terras de matas; eles, aqui no interior da campanha, destroem as árvores sem exceção de qualidade de madeira, deixam os troncos apodrecer e não arrancam as raízes enquanto verdes, porque, dizem eles, estragariam as terras, e depois de 6 ou 8 anos, quando estes troncos estão podres ou secos, se podem arrancar sem se estragar a terra, e se queimam, etc.; porém, a vasta quantidade de matos que tem queimado para fazer potassa e perlassa é tal que primeiramente tem diminuído considerável quantidade de úteis madeiras, e depois tem feito secar rios; porque, como muitos rios são supridos com água nos pântanos, e pequenas fontes que há pelos matos, estes matos destruídos dão lugar a que o calor do sol seque a superfície da terra e diminua as origens dos rios. Asseveram-me que muitos rios do interior da campanha, que vão desaguar ao lago Ontário e aos rios Hudson e Susquehanna, que eram capazes de admitir navegação de barcos de 100 tonéis, não hoje mais que 2 ou 3 pés d’água.
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