15 de Setembro de 1799

Boston tem duas grandes cordoarias ao pé do Mall. Fui à igreja dos católicos que é muito pequena. Prega em inglês um clérigo francês sobre a necessidade de chamar os padres quando se está para morrer. O padre sabia bem a língua, mas o acento era tão mau, e custava-lhe tanto a pronunciar, que mais trabalho tomaria em estudar a recitar que na composição da oração. Hoje, devia aqui fazer a descrição da cidade de Boston, mas omito porque a tenho impressa e metida no caderno de observações nº 5, no que posso fazer as emendas de cabeça. Fui passear na segem com as filhas do meu hóspede; passei pela ponte de Charles River, e depois saí de Charlestown Boston; apresentou uma linda vista, aí vi uma pequena quinta onde havia um velho que tem 22 vacas e há vinte e tantos anos que se levanta de manhã, muge as vacas, vai vender o leite no mercado de Boston e volta a jantar, a caiar, exercício que faz todos os dias impreterivelmente há vinte e tantos anos. Cheguei depois a Cambridge, vi o colégio por fora e voltei para a cidade pela outra ponte chamada de Cambridge; vi o novo edifício para a Work-House, de tijolo, na borda da praia, e bem extenso. À noite, me veio visitar o Dr. Brown com uma carta do Dr. Mitchell em que me recomendava e louvava a minha carta publicada no Medical-Repository. Perguntei a razão porque Charlestown era menor que Boston sendo mais antiga, e me disseram porque o porto não é tão bom e, segundo, porque há 20 anos foi todo queimado, o que se vê das casas que são todas novas. Boston sofreu também muito pelo terremoto que teve em 1727. Vi em algumas as grades de pau, que cercavam o jardim, pintado a pó de pedra ou areia grossa, que suponho ser a areia em lugar de tinta misturada com óleo e dessecante, o que faz parecer as grades, de pedra, dando-lhe uma linda aparência.

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