6 de Setembro de 1799

Tendo recebido ordem para nos retirarmos, se moveu uma porca dúvida sobre as despesas; se deviam ser feitas à custa do capitão, ou dos passageiros, por fim nós pagamos. Saltamos a terra às 2 da tarde, e depois de jantar corri a vila (town). Main Street é uma rua que corre quase paralela à praia, de meia milha de comprimento, bem direito, mas demasiadamente estreito para o comprimento que tem; há um mercado do mesmo feitio que os de New York, mas fechado de todos os lados e muito ridículo.

Havia uma manufactura de pano para velas dos navios, que era de madeira (assim como todas as casas de New-Port, à excepção de 6 ou 7); no primeiro pavimento estavam 24 teares, mas só dois trabalhavam; no primeiro andar estavam as rodas de fiar, mas ninguém trabalhava, e no 2º andar eram também o mesmo número de rodas de fiar, mas não havia mais que duas fiadeiras, porém, tem tido 60, algumas vezes. Passei depois a ver uns moinhos de vento que estavam para esta parte, que eram feitos de madeira com as velas quadradas ou rectangulares em lugar de triangulares, o que é muito desvantajoso, e demais estavam totalmente fora de repairo.
Perto destes moinhos estava Tornini-Hill, onde os ingleses, no tempo da guerra, queimaram uma excelente casa. Há em New-Port uma olaria de louças grossas, um excelente curtume e algumas destilarias, mas, em uma, que entrei, só um homem trabalhava, que dava à bomba para passar uns melaços para outra parte. Staten-House é o melhor edifício de New-Port, tem um só sobrado, 6 janelas de frente e uma porta no meio; é de tijolo com os cantos de pedra, mas por dentro está quase destruída porque os ingleses lhe tiraram os repartimentos para acomodar lá soldados, e depois disso os new-portenses nunca mais a reedificaram. A maior parte das ruas está cobertas de relva. Fui ver a célebre livraria pública; estava fechada, e o pátio também fechado; mas olhei pelos buracos da velha porta do pátio e o vi tão cheio de relva que não suponho alguma pessoa visita aquela casa, que sendo de madeira, com um alpendre na porta sobre quatro colunas de madeira, não tem quase livros nenhum – pela informação que me deram –, e foi destituída dos livros pelos oficiais ingleses.
Vi em uma loja de sapateiro muitos homens asseados que olhavam para o homem que trabalhava, sem fazer nada, e, do mesmo modo, muitos outros pela rua, e vi em geral a gente muito malvestida.
As senhoras que vi na rua eram bonitas e passeavam com um garbo muito superior a tudo o que tenho visto na América. Ainda que a terra seja pequena e pobre vi duas livrarias circulantes, pequenas, mas bem guarnecidas. Fui visitar o célebre viajante Stuart, mas estava fora da cidade e tinha ido para Albany Springs. Este homem é um inglês que viaja, diz ele, para bem da Filosofia. Diz ele que era um rico homem e deixou tudo, e vive do que lhe pagam pelas lições que dá; é de uma elegante figura, de uma língua especiosa, fala primorosamente, é afável ao último
ponto, cortês, e respeitoso quanto é possível; veste-se sempre com umas calças e véstia; não lava a camisa senão raras vezes, e lava-se em água suja; numa palavra: é porco por princípio. Não achou aqui discípulos e por isso se mudou. O porto é talvez o melhor dos Estados Unidos e por isso o fortificam para guardar aqui a esquadra, mas, apesar da bondade do porto, em Providência há mais negócio, o que me prova a pouca indústria do pobre povo do New-Port; demais, não vi uma só casa nova a fazer-se; só 3 navios no belo porto, que se faz notável com o resto da baía pelos nomes dados às ilhotas que há nela que são: Prudência,
Esperança, Desesperação, Paciência, etc.
Há, neste, pequenos Estados índios, que desde o princípio se têm conservado em Charleston, porque a legislação do Estado proibiu que se lhe pudessem comprar as terras; isto fez com que se estabelecessem como lavradores e estão quase civilizados. São perto de 500.

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