28 de Dezembro de 1798

É digno de nota, na descrição de S. Domingos, por S. Mary, a exata enumeração das combinações de raças e o caráter de cada uma delas.

Hoje, vi a livraria pública instituída à custa de subscrições particulares, e que teve por motor Benjamin Franklin, cujo busto conserva sobre a porta; consta de duas salas sem algum ornado ou pintura mais que as estantes sumamente lisas, e simples, e todos os livros com grades de arame por diante (uma descrição exata se achará no cad. de ob. nº 2, nota A).

Vi também o museu de Peale, que é público a toda a pessoa que pagar 200 rs; consta de três pequenas salas, e numa há os retratos de todos os homens que figuraram na revolução da América. As três salas são muito pequenas, os produtos estão arranjados sem ordem sistemática, nenhuma absolutamente, mas segundo a melhor simetria ou acomodação das grandezas. Os quadrúpedes são em geral muito mal-empalhados, inda que isto tenha exceções, por exemplo, em um lobo que está devorando uma ovelha, que ambos estão na melhor exatidão possível, mostrando a aptidão natural. A coleção de minerais é assaz diminuta; entretanto, em todos os papéis públicos se lê o contrário do que eu observei, pois, gabando por extremo este pequeno ensaio de Museu, até mentem em dizer que ele está disposto segundo o sistema de Lineu, quando eu vi, em caixa, uma símia, que tinha imediata uma cobra cascavel.

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27 de Dezembro de 1798

Segundo uma conta de W. Cooper, um Judg of common pleas, no Condado de Ortega [Otsego] , no Estado de New York, as árvores açucareiras (shugar maple tree) podem-se plantar 50 em cada acre; e que cada árvore dá por um termo médio 5 libras de açúcar; porém, supondo somente (Dis boxe’s Wien of the V. S., pág. 79, de onde tirei este parágrafo) que cada árvore produz 4 libras, e que cada acre de terra pode só conter 40 árvores; 52.605 acres produzirão 8.416.828 libras de açúcar (vid. dia 12 de janeiro, vid. 25 de fevereiro; vid. dia 13 de maio; vid. dia 22 de dezembro).

Em Filadélfia usam muito desta árvore para o fogo. Segundo outra carta do mesmo Cooper, a cultura desta, no Condado de Ortega [Otsego], em 1786, estava quase desconhecida, e em 9 de abril de 1793 ele escreve que por um cálculo moderado se tinham feito 160.000 libras de açúcar que, a 9 pences por libra, importavam em 15.000 dólares. A razão da altura deste preço e do aumento desta cultura, neste tempo, foi um resultado da falta de importação de açúcares, que a guerra, então, ocasionava.

Hoje, fui procurar John Batram que, segundo uma gazeta, tinha sementes para vender. Em todo o Kingssengin me não deram notícia dele; nesse lugar vi uma bateria de 15 peças que me pareceu tão ridícula como inútil; há também aí muitos estaleiros de navios, pois que este lugar
está edificado sobre cinco pequenas ilhotas, e se passa de uma para as outras por pontes, todas são de pau.

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26 de Dezembro de 1798

Aqui há dois lugares de mercado em Market-Street e em New-Market; um e outro não estão em praças, mas são telheiros pelo longo da rua, e estão em ruas muito largas, que dão lugar a haver boa passagem pelos lados dos tais telheiros, entre as casas. Todas as casas aqui, lojas, oficinas, igrejas, tribunais, etc., têm fogões e fornalhas de ferro com chaminés para levarem o fumo para fora; e o lugar do assento para receber uma visita é ao pé do fogão (Vid. dia 11 de janeiro seguinte).

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25 de Dezembro de 1798

Hoje, houve sermão na Igreja de S. Mary, dos Católicos; estive, também, à noite, em uma igreja dos metodistas, e em um púlpito pregava um homem com casaca e com umas luvas a que chamam meteens; há, em todas as Igrejas, assentos fechados para todas as famílias que pagam por eles um tanto por ano; esta renda, com as esmolas, que sempre se tiram nos meetings ou ajuntamentos das festas, faz a sustentação das igrejas e eclesiásticos de todas as religiões, e mesmo dos católicos.
As prostitutas em Filadélfia são tantas que inundam as ruas de noite, de modo que em se vendo na rua, mesmo sem homem, é indefectivelmente; porém, suas casas são sempre isentas de perigos, o contrário que em outras partes da Europa.

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24 de Dezembro de 1798

Os cavalos dos leads têm uns arreios tão simples que achei digno de nota, assim como os carros de acarretar pelas ruas, o que ambos desenhei. (Cad. nº 1, nota G.)

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23 de Dezembro de 1798

Até hoje não pude escrever o diário, ocupado com cartas para a Corte, etc. Hoje fui à missa. A capela católica aí há assentos para todas as pessoas, e os ornamentos têm as armas dos Jesuítas; a decência e a moderação reinavam em tudo que aí vi; o padre que disse a missa não tinha coroa e os acólitos tinham sotainas encarnadas.

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19 de Dezembro de 1798

Estive hoje na court supreme, que é o principal tribunal de justiça do distrito de Filadélfia. Havia um pequeno lugar elevado onde estavam sentados os 4 justiças, embrulhados em capotes por causa do frio e com seus chapéus na cabeça, uma mesa diante deles onde escreviam; no pavimento da casa, defronte deste lugar, estava um círculo de assentos ao redor de uma mesa oval, e aí, sentados, os advogados, e um se levantou para orar, e a causa era sobre letras de câmbio; os juízes produziam razões a que o advogado respondia; o advogado contrário instava, etc. e tudo com muita moderação; os advogados todos descobertos, as pessoas que estavam de fora com seus chapéus.

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18 de Dezembro de 1798

Hoje estive na casa dos representantes. Veio uma mensagem do Senado, e o porteiro deu parte disso ao Presidente; então entrou o mensageiro, e parou defronte do Presidente, mas fora dos arquibancos; o porteiro gritou: “Um recado do Senado”! O sargento d’armas tirou
uma vara, que está fincada sobre os arquibancos, com vários prateados e que tem em cima uma águia d’ouro, e é do comprimento de 6 palmos ou 7, e esteve sempre com ela na mão, enquanto o mensageiro deu o recado, e, depois, o mensageiro deu um papel ao sargento d’armas que o foi levar ao Presidente e tornou a pôr a vara no seu lugar. O Presidente, então, mandou ler o papel por um escrivão, de dois, que tinha ao pé. Há nesta casa uma cadeira grande para o Presidente, lugar para dois escrivães ao pé; de fronte, em figura de meia-lua, estão os arquibancos, em três
ordens, onde estão sentados todos os membros com mesinhas diante de si para escrever, etc.; por detrás destes assentos, há lugar em que podem estar as pessoas que vão assistir, e para estas há também duas tribunas; dentro dos bancos só podem entrar os membros a quem é permitido ter sempre o chapéu na cabeça, excepto quando falam que então estão de pé e sem chapéu, porém, se são Quaker não o tiram; todas as pessoas, que estão por detrás dos arquibancos, devem estar descobertas, porém, nas tribunas estão com chapéu.

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17 de Dezembro de 1798

O edifício da casa das sessões, em Washington, tem 140 pés de comprido, 57 pés e 6 polegadas de largo; vieram hoje aviso que vai em muito aumento (Nota à margem – Esta informação não é exacta. Vid. o 2º volume).

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16 de Dezembro de 1798

Domingo. Fui à casa do Ministro para ouvir missa; mas não o achei já em casa: tinha ido para a capela, a qual não pude encontrar; esperei, depois, por ele em casa, que veio, e também a sua senhora; depois, vieram algumas visitas, entre elas Madame Liston, mulher do Ministro da Inglaterra, aqui; e o nosso Ministro me apresentou a ela, ao General Pinckney, que esteve de Ministro em França, e agora ocupado com o General Washington a fazer o plano da guerra; este último foi ontem para o Potomack, sem que eu o pudesse ver.

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15 de Dezembro de 1798

Hoje, fui jantar à casa do Ministro e me achei só com ele e sua senhora. Comprei chapéu redondo, como os de Lisboa, e me custou 6$400 réis. O navio, não sendo visitado, não me foi possível obter o meu fato.

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14 de Dezembro de 1798

Hoje, desembaraçadas mais as neves, subiu o navio, e o secretário do Ministro de S. Majestade aqui residente, sabendo que tinha chegado um português, me procurou para me pedir falasse ao Ministro o que fiz, malvestido como me achava, e não lhe entreguei os ofícios que trazia, pois os tinha deixado a bordo; convidou-me para jantar lá, mas não aceitei este dia o convite; à noite fui a bordo do navio que já estava no cais, e trouxe os ofícios, que entreguei ao Ministro; então falei à sua senhora.

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13 de Dezembro de 1789

Hoje, veio o médico da visita, mas não podendo o navio subir por causa da neve, eu saltei a terra com o capitão e, depois de obter licença do comandante da fortaleza, fui para Filadélfia; fiz este caminho, que é de cinco milhas, a pé, porque não encontramos nem cavalgadura nem sege e cruzamos em um batel o Schuylkill que deságua duas milhas abaixo de Filadélfia; cheguei à cidade e fui para uma estalagem chamada city-tavern, que sendo a melhor da cidade é quase igual em preço às outras; e me custa por mim e o meu criado 15 dólares cada semana, e isto sem entrar o vinho e tudo quanto bebo, que é de fora, aparentemente.

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12 de Dezembro de 1798

Velejamos, ontem, pelas 10 horas da noite, e fundeamos hoje pelas 7 da manhã duas milhas acima de Chester. O gelo é tanto a correr pelo rio abaixo que o capitão teme que lhe corte a amarra. Com bastante custo em quebrar a neve, demos a vela ao meio-dia, e fundeamos, ou, para melhor dizer, nos amarramos a um marachão que há no mar (Pier), ao pé do forte Miflin, uma fortificação que está sobre uma ilhota, no rio, cinco milhas distante da cidade; constam de três baterias, postas sobre muralhas de pedra de duas braças de altura: uma bateria olha para a parte do rio, ou canal por onde passam as embarcações, outra faz frente para a parte de terra, e outra, para a parte de baixo do rio; sendo a terra muito baixa, e tendo as muralhas só duas braças de altura, as baterias fazem fogo quase ao lume d’água; dentro há um rebelim um pouco mais elevado, onde está um alto pau de bandeira com que se fazem sinais para a cidade; para a parte superior do rio, tem uma esplanada; a fortificação toda é cercada com fosso, porém, o tempo de inverno é este inútil porque o gelo serve de outras tantas pontes para o vadear. Este forte, de donde os ingleses, na última guerra, fizeram grande estrago cortando toda a comunicação com Filadélfia e a barra, serve hoje muito pouco. Na terra firme dele há um hospital cujo médico é o que faz a visita da saúde aos navios; aqui, fomos obrigados a passar a noite; primeiro, porque não veio o tal médico, e se o navio passar sem sua licença, para o capitão 300 dólares de multa; 2º, pela muita neve; 3º, porque não havia vento.

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11 de Dezembro de 1798

Nos fizemos a vela para cima, passando por Reedy-Island e, entre esta e a terra, estavam ancorados perto de 50 navios, à espera de vento para sair. Chegamos a New Castle, onde estavam para sair, para cruzar, uma fragata e uma chalupa de guerra americanos. Eu fui a terra com o Capitão que se ia prover de mantimento.

New Castle é o lugar onde se tentou pela primeira vez edificar Filadélfia, que dista daqui 35 milhas – há 60 anos que isto foi. (Nota à margem – Foi primeiro edificado por suecos, em 1627, com o nome de Stockolmo; depois, tomado pelos holandeses e chamado New-Amsterdam, depois, pelos ingleses que lhe deram o presente nome; e a mãe do meu capitão se lembra de que ao depois desta época se foi edificar Filadélfia por ser aí o porto melhor.) New Castle tem 50 – Moore diz 60 – casas feitas de tijolo; tem muitos armazéns de mantimentos e grande parte dos navios se vêm aqui prover do que lhe é mister para comida e fazer aguada no mesmo Delaware.

A primeira casa em que entrei foi uma estalagem muito bem provida e asseada; na bandeira de tábua que tinha sobre a porta estavam pintados um compasso e um esquadro, indicando ser isto casa de maçom ou para eles; vi, em uma grande sala desta casa, uma comprida mesa, e sobre ela muitos copos e garrafas, e algumas pessoas sentadas; supus ser um toaste; saí desta casa e fui ao açougue onde havia algum gado para matar, mas muito magro à vista, inda que a carne era gordíssima como toda em Filadélfia, e aí o capitão comprou carne; depois, fomos a uma padaria excelente. A névoa que tinha caldo e enchia as ruas era perfeitamente semelhante ao caramelo doce que se vende em Lisboa, de modo que, quando se pisa, se esmaga e faz na rua considerável altura; o gelo, porém, se assemelha ao vidro, e tão liso que faz escorregar, e eu caí sobre um pouco, que cobria os tijolos, que formavam uma pequena calçada defronte de uma casa por onde passei.

Aqui, vi pela primeira vez os leads ou carroças sem rodas, que se arrastam por cima do gelo por cavalos: 2 ou mais; e usam neste tempo deles porque as carruagens são sujeitas a tombarem-se no gelo.

Este lugar é freqüentado pelos passageiros que vão de Filadélfia para Baltimore vindo até aqui, ou por terra, em carruagens de posta a que chamam Land-stages; paga-se 4 dólares até Filadélfia, e se faz este caminho em 12 horas, ou por mar, em barcos de carreira, a que chamam boats-stage ou Water-stage, e se paga 1 dólar até Filadélfia, e tem dentro muitas comodidades, porque são de cobertas, e neles se vende toda a sorte de licores, pão, fruta, etc.; vi mais: um homem na rua tocando uma campainha com um papel na mão como se faz em Portugal para os enterros, e era um homem que apregoava por este modo a venda de uma chalupa – é o costume em Filadélfia –, o papel continha o preço (17tl), o lugar onde ela estava, etc. Vi também, aqui, a casa do correio com seu letreiro – Post Office – e, pelas paredes, muitos editais impressos para coisa de bagatela, porque, aqui, como a imprensa é livre, tudo se imprime para maior comodidade.

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10 de Dezembro de 1798

Pelas 2 1/2 horas da noite, quebrou a amarra com a fortaleza do vento. Achava-se o capitão e toda a mais equipagem a dormir (como é costume deles) e, acordado, ao pé do fogão da câmara, o piloto da barra conversando comigo, que estava deitado no meu beliche, quando ouvimos o navio bater no fundo contra a praia; levantou-se a chamar pelos marinheiros que vieram depois de algum tempo, e ele largou para o fundo a esperança, mas já o navio estava encalhado; levantou-se depois o capitão, mas em toda a noite se não trabalhou nem ao menos em espiar o navio, apesar de que o capitão esperava a cada passo ver o navio feito em pedaços, pois que a carga era de sal. Felizmente o navio rolou para uma parte onde era lodo, de modo que não teve dano nenhum.

Quando foi manhã deitaram uma espia que, aos primeiros estirões, quebrou, mas o navio se pôs em nado, e se tratou de o marear e suspender a âncora, pois que o vento era alguma coisa favorável para o safar da terra; mas as veias e cabos tinham adquirido no dia antecedente uma crusta vítrea de neve que parecia tudo envernizado, e não se podiam alar os cabos nem ferrar ou largar as velas, cada corda parecia forrada por um tubo de vidro. Igualmente estava coberto todo o navio, de modo que, para se deitar a lancha ao mar, foi preciso cortar a machado todos os cabos que a seguravam porque se não podiam desatar. Às 10 horas, principiou o sol a derreter alguma neve, e o navio nadou mais alguma coisa para fora, e fundeamos quase no mesmo lugar onde se nos quebrou a amarra. Passaram por nós duas chalupas a quem o capitão falou para lhe irem buscar a âncora perdida, mas não quiseram. Hoje, soube que dois marinheiros, Old Thom e Peter, fazem o seu diário, e que nele têm assento as faltas de mantimento que tem havido e todas as mais coisas interessantes, porque fazem tenção de se queixar do capitão quando chegarem a terra.

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9 de Dezembro de 1798

Pelas 5 horas da manhã, levantamos âncora e quando foram 11 horas estávamos de fronte de Bambyhoock, o lugar onde principia propriamente o rio, porque, até aí, o Delaware é chamado Baía pela sua grande largura; aqui tem uma milha e vai cada vez menos a largura.

Por um acto do Congresso, são os capitães dos vasos obrigados a fazer um contrato com os marinheiros que estes devem assinar, e que consta de certas obrigações dos capitães e marinheiros determinadas no dito acto. Este contrato, que se acha impresso, o assinam pondo-lhe o que cada um ganha. Entre as obrigações dos oficiais são, manter de mantimento para cada pessoa (indo para o mar alto de qualquer porto que seja): 60 galões d’água, 100 libras de biscoito de rala (ship bread), 4 além do mais que é preciso; pagar a todo marinheiro com quem não estipular expressamente a maior soldada que o navio pagar; trazer uma caixa de remédios completa, e, não sendo o navio do lote dos que trazem cirurgião, as direções para se usarem destes remédios, dadas por um médico ou boticário de conhecida capacidade (o meu navio as tem impressas, que se vendem em New York, com excelentes caixas de remédios, com os frascos numerados segundo direções).

Entre as obrigações dos marinheiros as principais são: que, estando 24 horas fora do navio sem licença do oficial, se lhe descontará um dia de soldada, e, estando 3 dias, perde toda a soldada que tiver vencido. As bóias dos rios constam de uma grande âncora pegada à qual está uma corrente de ferro, que tem na sumidade a bóia; esta, no tempo de verão, é um pequeno batel de dois mastros com coberta; mas, no tempo de inverno, como o gelo a quebraria, se põem em seu lugar uma espécie de pipa da figura perfeitamente de um ovo, e um mastro na sumidade superior; estes mastros, assim como o dos batéis, têm em cima alguma bandeira de tábua ou outra coisa que os faça visíveis de longe.

Fundeamos pela uma hora da tarde a 1 milha abaixo de Reedy-Island, que fica defronte de Port-Penn.

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8 de Dezembro de 1798

Pelas 5 da manhã, levantamos ferro e fomos para cima, ajudados da maré. Filadélfia dista do cabo Henlopen 140 (segundo o piloto da Barra) ou 160 (segundo o capitão) milhas. O Delaware é chamado baía até certa altura, até Bambyhook, pela grande largura que tem; tem esta baía muitos baixios, mas tem um canal bom para os navios, bem providenciado com bóias, que tem seus nomes: a primeira se chama boy of brown, a segunda, brandy boy, etc., apesar do que vão constantemente deitando o prumo, e tem 8 ou 9 braças, e algumas vezes 10. Hoje vi os diferentes certificados e despachos que o capitão trazia (que eram conforme os modelos do Voyageur Americain), e na atestação que o cônsul americano em Lisboa Mr. Bulkeley(1) lhe passou para mostrar que a propriedade da carga era americana; vinha o reconhecimento do Ministro da República Francesa em Lisboa e se chamava Antônio Lafargue, e se intitulava encarregado de negócios pela República para a troca dos prisioneiros; e selou a atestação ou reconhecimento da firma explicando o nome, isto é, um A e um L entrelaçados. Pelas 9 da noite fundeamos para esperar maré.


(1) nota de GS: trata-se de Thomas Bulkeley, consúl em Lisboa (18/07/1797 a 21/05/1801), comerciante, genro do primeiro consúl norte-americano na capital portuguesa, David Humphreys

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7 de Dezembro de 1798

Hoje, bom tempo, o vento O. N. O. e demos fundo a O. do cabo Henlopen por falta de vento; eram dez horas da manhã, e em 8 milhas distantes do cabo. Depois das 4 da tarde, levantamos âncora e fomos para dentro, com muito pouco vento, mas ajudados da maré, e quando esta parou demos fundo, seriam 11 horas da noite.

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6 de Dezembro de 1798

Inda que Amboy fica primeiro à entrada do rio Hudson do que New York, contudo é muito menos florescente; a razão é porque o porto é muito mau; as embarcações quando vão para New York não lhe passam por o pé mas sim por entre Long-Island e outra ilhota, que aí há entre Long-Island e a terra, tanto porque é mais perto como porque há mais fundo que ao pé d’Amboy.

Hoje pelas 9 horas veio para bordo o piloto da barra; nós estávamos ao S. do cabo May onde há uma pequena aldeia a que ele pertence. Nesse tempo diminui a multiplicidade de botes de pilotos que aqui há porque a maior parte pertence à Filadélfia, e o gelo os não deixa descer. Em o cabo Henlopen há uma pequena aldeia, Lewistown. O bote dos pilotos tinha só 2 pessoas, e um rapaz saltou com o auxílio de uma para o nosso bordo, que foi o piloto, e ficou só outra; era um excelente barco de coberta. Hoje, todo o dia, muita chuva e vento, e nos conservamos sempre bordejando defronte de C. May.

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