27 de Dezembro de 1799

Fui ver à sala da Sociedade Filosófica os ossos do animal desconhecido a que chamam Mammuth; havia um pedaço de tíbia, a parte superior; o nó do fémur; a parte do osso ísquio, onde encaixa a cabeça do fémur; parte de uma mandíbula inferior, com dentes; uma porção de dentição despegada; outro pedaço de queixada, que deixa bem ver que o animal entra na classe dos brutos; uma vértebra dorsal, com as apófises, que parecem ser a 5ª ou 6ª vértebras (estes ossos não parecem ser o Megatherium, do Paraguai). Um americano, Mr. Turner, o autor de uma memória sobre a marmota, me disse que esperava o verão que vem ajuntar um esqueleto inteiro deste animal, e Mr. Peale me disse que estava com as mesmas intenções, e que para isso mandava seu filho viajar o interior da campanha.

Strahlemberg, na sua descrição histórico-geográfica, observa que o nome russo deste animal é Mammoth que é uma corrupção de Memoth, que significa o mesmo que o Behemot, de Hob. Esta palavra se aplica a todo animal de uma grandeza extraordinária, por exemplo: Fyhd é nome arábico do elefante de uma grandeza ordinária, porém, quando é de uma grandeza fora do comum, sempre lhe ajuntam o adjectivo Mehemodi.
Em Genese o preço de serrar nos engenhos é a metade do pau serrado, ou 6 dólares por um milheiro de paus serrados.
Já houve quem julgasse que os ossos do Mammoth eram de algum gigante, e isto se produziu como prova de uma Passagem do Genesis (Cap. VI, v. 4), o que se acha em uma das memórias das transacções filosóficas da Sociedade Real de Londres no ano de 1714 (veja-se Abregé des transactions de la Société Royale de Londres, vol. 10, p. 262).

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26 de Dezembro de 1799


Hoje se fizeram as honras funerais ao General Washington a que eu não assisti por não ter luto nem dinheiro para o comprar, porém tenho a descrição que foi publicada na gazeta.

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18 de Dezembro de 1799

O Guinea gras é excelente nos climas quentes porque resiste aos calores e ao tempo seco, quando todos os outros prados ardem e se queimam.

“This is the golden age... ai warship gold,

Honours are purchased... love and beauty sold.”

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15 de Dezembro de 1799

Hoje, soube que o ministro de Inglaterra me tinha por um jacobino ou republicano, e que os fundamentos eram a amizade que eu tinha com o Coronel Forest, de Germantown, onde eu estive morando; mal sabe ele porque eu lá estive, e mal sabe ele porque eu cortejo o ministro de Espanha.

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14 de Dezembro de 1799

Mr. Barry, um negociante de Baltimore com quem falei hoje à noite, em casa do ministro de Espanha, me disse que North Carolina é o Estado da América que tem uma natural ligação com Portugal, porque os produtos são: boas aduelas e muito trigo, o que nós necessitamos; disse-me que o vinho do Porto tem decaído muito porque tem vindo para aqui muito vinho da Figura com o nome de Porto, e sendo-lhe inferior tem feito perder o crédito ao verdadeiro Porto e dado saída aos vinhos franceses; para prova disto me alegou que tinha 20 pipas há 4 anos que não podia vender. Eu acho mais uma razão, e é que seus apaixonados recomendam sempre os vinhos de França, eu tenho sempre visto em casa do ministro de Espanha louvar o vinho de França e dizer que estão em moda em Inglaterra; os pobres vinhos de Portugal não tem ninguém que lhe faça isto.

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8 de Dezembro de 1799

Tem-se feito experiências sobre o modo de plantar batatas, e uma plantada inteira sem se cortar, e outra no mesmo terreno cortada em pedaços, como é a prática geral; o produto foi: da batata inteira, 217, um quarto delas muito grandes e o resto da grandeza ordinária; e a batata partida produziu 120.

Estes são os nomes dos marinheiros que foram tomados no correio marítimo em que estava de escrivão António Joaquim e tomados para bordo da fragata inglesa em Surinam.

Manoel José da Silva
Manuel Machado – foi para Maranhão
Manuel Lourenço –
António Pereira
Joaquim José
José Vaz
Faustino da Cruz
José Maria – morto em Surinam.

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6 de Dezembro de 1799

Recebi de Moses Marshall um barrilinho de sementes, que me custou dois dólares, às quais entreguei ao Dr. Parke.

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5 de Dezembro de 1799

Recebi um convite do ministro de Espanha (a quem já tinha visitado) para jantar com ele 2ª feira, 9 do corrente.

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29 de Novembro de 1799

Na Rússia aconteceu a um sujeito que entrou em uma polida Assembleia, viu as regras e entre elas era: as senhoras não se embebedavam antes das dez horas. Eu vi em Filadélfia na City Assembly que na mais polida companhia os senhores não vieram de botas.

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28 de Novembro de 1799

O extraviador dos marinheiros aqui é um cabeleireiro que tem casa de pasto; chama-se Manuel José Salgado, tem um tio ou irmão prior da Freguesia das Mercês, em Lisboa, e outro procurador-geral do convento de Trinos.
Mr. Bingham veio ver-me esta manhã e é o primeiro de todos os a quem eu entreguei cartas. A obra que me emprestou o Mr. Hamilton tem por título: “Letters to sir Joseph Banks Baronet, President of the Royal Society on the subject of coxinnical insects, discovered at Madras by James Anderson M. D., etc. Madras, 1788”.

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27 de Novembro de 1799

As seguintes plantas merecem ser introduzidas no Brasil: Croton sebiferum – é muito vulgar na China, e de uma incalculável utilidade pelo sebo que produz; Rheum palmatium, que se supõem ser o verdadeiro Rhuibarbaro; há muito na América, cresce em chão rico, areento e barrento, não em situações úmidas; Morus papirifera, suponho ser desta árvore (é o Confervala rivulans, de que há grande abundância no Estado de New York) que o Mr. Libingston se descobriu o fazer papel.

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26 de Novembro de 1799

O Dr. Bush, que visitou a cidade Federal, disse que desde o Capitólio até à casa do Presidente havia bastante matérias para produzir muita febre amarela. Esta cidade foi também infectada
este ano.
Mr. Roxbury – suponho que o nome será Roxburgh – está para publicar em Inglaterra as suas observações nas Índias Orientais, onde compreende a descrição e cultura do bicho da seda, superior a tudo quanto se tem descoberto nesta matéria; esta obra se intitulará Flora Coromandeliana, e me dizem que não custará menos de 90 guinéus.

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25 de Novembro de 1799

Encontrei, à noite, com um almirante espanhol, em casa de Mr. Liston, chamado Mr. Donald; disse-me que havia no México um botânico chamado Jesse, ou Iesen, que estava para publicar algumas obras. Disse-me que a cochonilha se produzia na província de Guaxaba, no México, que apanhavam (quando a apanham para mudar de planta e aparam em um molho de linho cânhamo ou um certo gravatá, que serve para o insecto se pegar nele, e colocam entre as juntas dos cactos, logo depois produjos pequenos que entram a pegar-se à planta) os bichos rapando- os da planta com uma faca de pau, porque uma de ferro fazia uma ferida na planta e uma cicatriz dura onde o inseto não pode chupar; aparam-nos em um avental que trazem e os deitam depois em um vaso grande donde os conduzem a uma bacia d’água quente e aí os lançam para os matar, e depois os secam ao sol; não os torram, porque, na panela de torrar, os que ficavam por baixo, se torravam, queimavam, e faziam negros, antes que os de cima estivessem mortos, sendo muito difícil, com este método, dar a todos um igual grau de calor. Tiram três camadas cada ano. Os cavalos e bois comem o cacto e insecto, se sucede entrarem no Nopal.

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24 de Novembro de 1799

Jantei com Hamilton, onde obtive notícia da cochonilha, que escrevi, etc.

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22 de Novembro de 1799

Fui, hoje, entregar várias cartas de recomendação das do Buckley que entre elas foi a Binigham, que foi que me pareceu mais polido, senão o mais afável. Peale me disse que eram muito freqüentes os ossos da marmota, e que ele esperava mandar seu filho a recolher alguns e fazer um escalete inteiro.

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21 de Novembro de 1799

A pesca das baleias é feita principalmente pelos Estados de Nova Inglaterra, e regra comum é esta: o mercante prepara à sua custa o vaso, com todo o necessário de ferramentas e aparato da pesca, mantimentos, etc.; quando o navio volta, metade dos lucros pertencem ao mercante, a outra metade é dividida em porções das quais pertencem, tantas ao capitão, tantas ao piloto e tantas aos marinheiros, e isto segundo os ajustes.

Hoje, recebi dois ofícios do Sr. D. Rodrigo, um de 22 de maio de 1799, que servia para acompanhar as cartas de recomendação que o Cônsul Geral dos Estados Unidos em Lisboa deu em meu favor para diversas pessoas aqui, a petitório do Sr. Luís Pinto; outro ofício é de 30 de maio de 1799, e serve de me dizer que tem recebido as minhas cartas e dar-me novas ordens.

Veio me falar Antônio Joaquim da Silva, que me mostrou documentos com que me provou ter saído de Lisboa num paquete, digo, bergantim do rei, que ia de correio marítimo para Pernambuco; foi conduzido a Surinam, e depois de muitas voltas veio parar a Filadélfia, e mais um dos marinheiros que tinha por seu criado (José Ribeiro), este, vendo-se sem dinheiro, nem podendo subsistir, se foi meter a bordo de um vaso de guerra americano..., onde já prestou juramento de fidelidade aos Estados Unidos e se ajustou por um ano, recebeu dois meses de soldo com que pagou a estalagem por si e por seu amo e foi-se. António Joaquim procura passagem para Portugal, ou Londres, mas não acha quem lhe dê.

Fui informado que o ano passado as manufaturas de seda e algodão, de toda a casta, foram muito desvantajosas na Inglaterra devido isto à carestia do material em bruto.
Segundo as experiências de um americano, Mr. Bartram, os bichos de seda nativos da América, ou selvagens, como lhe chamam, têm qualidades superiores aos ………… europeus, porque: 1º, chocam os ovos mais cedo; 2º, não sofrem tão violentas moléstias como são as
periódicas, que os outros sofrem por três vezes, e em que morre uma grande quantidade deles; 3º, não são afetados pelos trovões, raios e tempestades; os mansos padecem infinito com os fenômenos elétricos que acontecem na atmosfera; 4º, os casulos pesam 4 vezes mais que os casulos dos bichos mansos, o que dá a entender que produzirá maior quantidade de seda. De tudo isto resulta que se deve animar a cultura dos bichos da seda no Brasil.

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17 de Novembro de 1799

Jantei em Germantown com um boticário e médico, Dr. Boton.

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16 de Novembro de 1799


Hoje, atendi a primeira lição de História nacional que deu o Mr. Peale, o proprietário do Museum, em que ele fez a descrição da sua vida dizendo que tinha começado por ser pintor, etc. Observei uma máquina de furar as bombas, que se pode ver no caderno de observações N. 6, N. B.

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15 de Novembro de 1799

Jantei em casa do ministro de Inglaterra, que me veio de manhã convidar e visitar pela primeira vez; lá me encontrei com um espanhol, Mr. Donald, que me disse que a cochonilha não produzia senão em um detrito do México, e que talvez não produzisse nos outros porque a não tinham experimentado, e que havia outras produções igualmente ricas; tal era o índigo, algodão, etc. Eu suponho que ele tinha saído da sala, e disse ao ministro da Inglaterra que eu nunca estava contente estando com um espanhol, ao mesmo tempo reparei que o outro estava na sala, e o ministro me ajudou a remendar o erro dizendo que não entendia aos particulares, etc.

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14 de Novembro de 1799

Hoje, me disse o secretário da legação inglesa que a razão porque o Presidente nomeou os enviados para a França foi porque seu filho, que está enviado em Berlim, lho aconselhou; este rapaz é um jacobino, e seu pai supõe nele uma grande capacidade, e confia principalmente nele.

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11 de Novembro de 1799

Listas das plantas que se usam na América para prados
artificiais:

Sweet-scented vernal-grass: Anthoxanthum odoratum.
Meadow-fox-tail grass: Alopecurus pratensis.
Smooth-stalk meadow grass: Poa trivialis.
Meadow-fescue-grass: Festuca pratensis.
Lerested-dog’s-tail-grass: Cynosurus cristatus.

A ordem porque florescem é esta, porque aqui se acham: o Alopecurus pratensis e o Poa trivialis são próprios das terras úmidas; o Anthoxanthum odoratum, e o Festuca pratensis, para terras mais secas ou moderadamente úmidas; o Poa trivialis e o Cynosurus cristatus, para pastos secos.

As melhores plantas que os americanos usam para prados artificiais são as que seguem, cuja bondade se pode contar na ordem em que se segue:

Talb-meadow-oato: Avena elatior.
Talb-fescue-grass: Festuca elatior.
Meadow-fox-grass: Alopecurus pratensis.
Meadow-soft grass: Holcus lonatus.
Timothy ou meadow cats tail grass: Phlenun pratense.
Rough-cocks-foot-grass: Dactylis flomerata.
English ou common rye grass: Lilimo, perenane.
Sweet-scented vernal-grass: Anthoxanthum odorat.
Ready-cima-cima arundinacea.
Broom-grass (duas espécies): Bromi.

Todos estes se devem semear com o Timothy em terreno que se possa orvalhar com facilidade. Mas, terras altas preferem ordinariamente o cloover (Trifolium pratense), lucerna (Medicago sativa), e saint-forn (Hedyoarum onobrychis).

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10 de Novembro de 1799

Fui ao Fuilhemand, que me mostrou os vestidos dos Fauls na Escócia, e me explicou o modo por que eles apisoavam o pano, etc. Disse-me que a Mrs. Bache tinha mandado perguntar ao Mr. Bond quem era o agente do chevalier de Freire, porque queria cobrar 5 th. em que importavam as rumas que lhe fizeram na casa, de chaves perdidas, fechaduras quebradas, etc. Jantei em casa do Hamilton.

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8 de Novembro de 1799

Remeti as minhas cartas para Lisboa pelo paquete inglês Janne, que foram remetidas a Falmounth, a Goerge Fox e Sons, com uma carta de Mr. Prise.

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6 de Novembro de 1799

Subscrevi na Aurora e paguei três meses.

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5 de Novembro de 1799

Entreguei ao Sodestron as cartas para Lisboa; tal não aconteceu porque o não achei em casa e as cartas ficaram.

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4 de Novembro de 1799

Em 1793 vieram para S. Vicente (que é uma pequena ilha ao pé da Martinica) 50 plantas da árvore do pão (é o Artocarpus Incisa), que o governo inglês mandou buscar a Otahito; eram de 8 polegadas até dois pés de alto; agora, estão quase todas as plantas de mais de 30 pés de alto, e de diâmetro, 3, até 3 ½ pés. Supõe-se que não poderiam resistir às tempestades (hurricanes), furacões de vento, do golfo México, mas tem-se achado que o lenho é muito compacto e resiste muito.

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1, 2, 3 de Novembro de 1799

Hoje, domingo, fui jantar à casa do Coronel Forest a Germantown, e por ele levado depois à casa de Mrs. Oldmixton, etc.

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1, 2, 3 de Novembro de 1799

Hoje, domingo, fui jantar à casa do Coronel Forest a Germantown, e por ele levado depois à casa de Mrs. Oldmixton, etc.

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28, 29, 30 de Outubro de 1799

Hoje, fui examinar os aquedutos e os dois reservatórios que são muito abaixo de merecerem atenção. Vi também a livraria pública de Longan, que é um quarto na Livraria Frankliana ou da cidade. Ora, hoje cometi o maior erro de delicadeza que podia cometer; não o nomeio, mas este memorandum me servirá de exemplo. Contém a livraria pública aqui, Frankliana e Longânia, 14 mil volumes.

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27 de Outubro de 1799

Ontem, houve um grande fogo à meia-noite, e entre muitas casas que arderam foi uma estrebaria onde se queimaram 17 cavalos e muitas carruagens.

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26 de Outubro de 1799

Hoje, vou de todo para a cidade. À noite tomei uma pousada em Mulbenster, etc.

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25 de Outubro de 1799

Fui à cidade procurar por lodgings, que não encontrei que prestassem, e aí me demorei até ontem pela manhã (domingo 27) em que vim para Germantown.

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24 de Outubro de 1799

Diz-se que Pickering resigna, e espera a guerra com Inglaterra.

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23 de Outubro de 1799

Um dos enviados partiu para Newport, onde está a fragata que os deve conduzir.

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22 de Outubro de 1799

Assevera-se que o Presidente faz partir os enviados no 1º do mês que vem.

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21 de Outubro de 1799

Hoje, apareceu numa gazeta o decreto pela qual Sua Alteza ordena que o recebam e respeitem como regente do Reino; trazia, diz a gazeta, o selo do Príncipe, e era assinado por Fulano Soisa, que suponho era algum secretário particular. Corre, também, aqui, que o ministro inglês representara ao Governo que, se o Presidente manda enviados a tratar com a França, Inglaterra toma esse acto como declaração de guerra.

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20 de Outubro de 1799

Hoje, fui passear de manhã para dominar o enjôo em que me acho, sem ter que fazer, e sem receber cartas de Lisboa mais que uma do padre Veloso.

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17 de Outubro de 17999

Fui hoje jantar com Mr. Brond, à sua casa de campo, e mais nada.

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16 de Outubro de 1799

Parece-me que tenho observado em outras partes do meu diário que Mr. Hosack, um federalista de New York, me disse que os americanos deviam tomar as Flóridas aos espanhóis; isto me foi depois repetido por um Mr. Price, “clerk no Land Office”, com quem me encontrei, indo de New York para Boston, e por outros. Mas, hoje, li em Callender (A Key to the six pence cabinet, pág. 77) que Mr. Harper propôs no Congresso atacar as colónias da Espanha, isto na sessão antes da passada, quando a Espanha estava na maior amizade com este país.

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15 de Outubro de 1799

Ontem, jantei com uma sociedade de democratas onde fui levado pelo meu hóspede. É um fato para provar a barbaridade das tropas americanas pertencentes ao Governo Federal, que 12 mulheres prenhes pariram sobre a neve por serem expulsas de suas casas. Este facto foi publicamente atestado por Mr. W. Claibourne, representativo no Congresso do Estado de Tennessee, onde estes factos aconteceram.

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14 de Outubro de 1799


O Índigo bastardo (Amorpha fructicosa) e o café de Kentucky são ambas árvores muito grandes, este dá uma vagem chata, comprida, ensiforme, com 3, 4 ou 5 favas dentro.

Esta parte do país tem carreiras de montanhas que parecem ramos dos Apalaches dirigidas N. E. S. O. e formam intervalos de lindas planícies, que abundam de frutas e culturas de trigo, milho, aveia, centeio, etc. Os habitantes alegres e afáveis. Eu examinei as sumidades destes montes; os rochedos são de granitos de diferentes gêneros, que não ferviam aplicando-lhes água forte (ácido nítrico); talco e mica em grande abundância. Estes montes parecem ser dos primitivos, mas eu não achei esta matéria fibrificada de Buffon, que aqui devia existir se esta massa estivesse sido algum tempo em estado de fusão; o que quer que seja, estes montes têm sofrido grandes revoluções, porque, além de certas desigualdades que lhe são naturais, o que se conhece à primeira vista, há pedras de enorme grandeza removidas do seu lugar para uma considerável distância. Aqui vi uma grandiosa pedra posta quase a prumo, a base é aguda, e começando cair sempre se conserva a prumo. Qual seria a suaprimitiva situação?

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13 de Outubro de 1799

Fui à igreja dos Tunkers; nenhum estava de barbas, e um ministro que as costuma trazer não estava lá, os outros estavam vestidos como nós, e alguns, como Quakers; as mulheres quase todas com pós nos cabelos, barretes à moda, etc., de sorte que me pareceram bem degenerados. O ofício divino constou de salmos cantados, e depois cada um se ajoelhou virado para a parede, dando as costas uns aos outros, pois a igreja não tem nem altar nem púlpito, e depois de uma breve oração, nesta posição, se tornaram a sentar, e um dos velhos fez explicações sobre alguns textos da Escritura.

Fiz uma observação, que tenho feito em todos os cemitérios, que olhando para as pedras, que tem os nomes e idades dos falecidos, poucos têm chegado à idade viril de 50 anos, pouquíssimos 70, e além disto apenas observei algum; esta observação é em todos os Estados Unidos.

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12 de Outubro de 1799

Hoje, chegamos a casa. A razão de não termos ido a Lancaster foi o mau tempo que tem feito.

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11 de Outubro de 1799

Hoje, depois de termos visitado Marshall e jantado, partimos para casa pelo caminho chamado Turnipike, que vai ter a Lancaster, que é muito malfeito, sendo uma calçada de pedra, mas de má construção, e dormimos em uma bela estalagem, 25 milhas distante de Filadélfia.

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10 de Outubro de 1799

De manhã viajamos ………… milhas e encontramos uma ridiculíssima aldeia. Aqui morava Mr. Junphreis Marshall, o autor do Catálogo, etc. Paramos em uma estalagem dum quaker, e da casa saiu um velho alto bastante, direito, uma boa figura; uma casaca parda de sarafinacom bastantes remendos mas muito limpa, uma véstia de veludo da mesma cor com umas grandes abas, calções irmãos, umas meias encabeçadas; o seu chapéu de quaker, e um pau na mão com que apalpava o caminho, o que nos fez conhecer que ele era cego. O coronel adivinhou quem era, e uma pergunta nos fez declarar ser o mesmo Mr. Marshall, que nós buscávamos, tio do nosso estalajadeiro, que ainda que segue os princípios quaker contudo está desonrado, id est, excomungado ou fora da comunhão dos outros, porque vende licores na sua taverna, o que pode causar que alguém se embebede (tal é o rigor dos Quakers). Marshall levou-nos para sua casa e começou a mostrar-nos o seu jardim, que, sendo extenso, está muito maltratado, cheio de erva, depois que ele está cego; porém, ele, a apalpar com o bastão, correu tudo, e nos mostrou todas as plantas que tinham. Entre outras, uma árvore açucareira que ele plantou há 22 anos, e que estava frondosa, dando uma boa sombra, e com bela vista, tinha pé e meio de diâmetro; a Amorpha fructicosa, que é uma árvore de dez pés de alto; tinha a Xantoxilla, que quebrando um ramo dá a mais bela cor amarela e de que os tintureiros aqui se aproveitam; Via Diariae, que é, segundo as folhas e propriedade da casca, a embira do Brasil. A Magnolia tripetala tem alguma coisa de grande e majestosa, mas as sementes (disse o velho) não se devem guardar secas porque não nascem, é preciso conservá-las com alguma umidade. Mostrou-me um arbusto (sideretes) a que chamou, se bem o entendi, Clown-worm-wet, que disse era um grande remédio para os peitos das mulheres, quando o leite se enfartava. Fomos com o velho ao meeting dos quakers, e, como ninguém pregava, um dos velhos se levantou a dizer que a razão porque muitos não tinham o espírito era por falta de atenderem a ele, mas isto tão desconchavado que metia nojo.

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7,9 de Outubo de 1799

Parti, hoje, para uma pequena viagem com o Coronel Forest, na sua sege. Passamos o Schuylkill em uma barca, e à noite estávamos em Heherter ocidental. Aí pousamos em uma estalagem muito
má; o estalajadeiro era o major Bown, um democrata; a parede estava cheia de cartazes contra Mr. Ross, que é o candidato para Governador do Estado, proposto pelos Federalistas, e a conversação foi sempre sobre políticas, e probabilidade sobre quem seria o Governador. Os caminhos até aqui tinham sido muito maus, e a terra, medianamente cultivada, porém os campos ornados com imensidade de Liriodendron tulipifera, e de magnólias grandiflora, e tripétala, que é uma árvore realmente grande.

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6 de Outubro de 1799


Domingo. O coronel teve hoje duas senhoras a jantar; eram quaker, mas uma era tão gay que me disse não pertencia já ao meeting , etc.

Cascata de Niágara – (Veja-se para esta cascata a parte do diário que transcrevi no caderno de arranjamentos nº 1, no fim: the Niagara.) Segundo alguns, estas são as mais exatas dimensões; largura do rio na cascata – varas: 360; largura da ilha que está no meio – varas: 40; altura do precipício de água – pés: 137. O lago Erie está superior ao lago Ontário 300 pés, pelo menos, e a terra começa a subir ainda do lago Ontário para o Erie em algumas partes quase a prumo; é formado por camadas ou estrato de pedra calcária. Esta ladeira começa ao lado do Norte do lago Ontário, e se dirige a Este, passando entre Ontário e Erie, e se perde nas campanhas perto do lago Simcol. A água corre encanada em um canal que a continuação tem aberto na pedra, e com uma violência verdadeiramente espantosa, e continuando a seguir este canal na sua extremidade há um grande rochedo e aí a água se precipita a uma altura de 150 pés, tendo o rio aí de largura 135 varas. A bulha que faz a água quando cai se ouve por 20 milhas distante, e o tremor que produz na terra, por muitas varas ao redor. Com grande trabalho se pode descer abaixo a cavidade, e há um lugar, entre a água que cai e a pedra que lhe fica por detrás, bastante espaçoso para conter muitas pessoas fora de perigo, e aí se pode conversar e ser ouvido, por a bulha da água é muito menor. Uma névoa constante se levanta desta cachoeira, em que os raios do sol pintam brilhantes cores, que fazem um lindo efeito; esta névoa, ou água suspendida, cai sobre as árvores vizinhas, e no inverno se gela fazendo o mais brilhante efeito. A água, pouco depois, encontra outras descidas menores, em meia milha de distância, que serão de alto 58 pés, e por conseqüência a água se precipita 273 pés em menos de 7 milhas e meia. Se os patos ou outras aves que voam passam perto da catarata são precipitados nela e destruídos. Quando a água se precipita levanta pirâmides, e esferas de prodigiosa grandeza desfazem-se no ar ou se precipitam, mudando de figura, e são sucedidas por outras.

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5 de Outubro de 1799

O modo porque no Mississippi apanham os búfalos é o seguinte: arranjam-se os caçadores formando um quadrado de 4 linhas, e lançam fogo ao campo; os búfalos, que temem as chamas, se vão concentrado, até que ficam de tal modo empilhados que se não podem defender, e os caçadores matam todos. Dizem que raras vezes se recolhe uma partida de caçadores desta caça sem 15 ou mais búfalos mortos. Os caçadores ajustam entre si o modo do ataque, e se algum desampara o seu posto, e deixa escapar os búfalos, os outros o castigam tirando-lhe as armas, que é o maior desprezo que um selvagem pode sofrer; os chefes mesmo são sujeitos a isto; e se algum se não submete ao castigo certamente há uma guerra civil. O búfalo do Canadá é grande, os cornos, baixos, negros e pequenos; os paleares têm grande pêlo e uma touca de lã sobre a cabeça que lhe cai sobre os olhos e lhe dá um aspecto medonho; têm uma corcunda ou tofo que lhe começa nos quadris e vai aumentando até as espaldas, coberto com um longo cabelo. O pêlo, dizem, produz 8 livras de lã, que faz melhores meias, e outras coisas, que a seda. Foge geralmente dos homens, mas depois de ferido se torna muito feroz; tem um ativo cheiro e por isso os caçadores sempre o acometem pela parte do vento. Dizem que na baía de Hudson há outra qualidade de búfalo, que chamam musk-bulls: pelo cheiro da musko que tem. Produz uma lã melhor que a dos carneiros da barneria, porém são tão pouco em número que se supõem que os selvagens destruíram esta raça inteiramente, porque eles têm as pernas sumamente pequenas e, não podendo correr quando a neve é densa, se matam facilmente.

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4 de Outubro de 1799

Veio o meu dono da casa.

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3 de Outubro de 1799

Henry Laurens obteve da Jamaica canada e meia (3/2 pintas) de semente de Guinea Grass, que na primavera de 17 plantou em ¼ de acre de terreno, em terra bem medíocre; a semente brotou, e em breve cobriu toda a terra com uma bela relva de 4 e ½ pés de alto. Desejoso de aproveitar a semente, não segou mais que um quarto, que deu aos cavalos, que o devoram com avidez. Em agosto, dividiu a raiz de um pé em 28 partes, que plantou; cada parte arraigou e produziu depois boa semente. É de opinião este sujeito que o Guinea Grass é perene e que dava bem em todas as terras baixas; requer muito pouco cuidado, pois uma só grade passada por cima é bastante, depois ela toma cuidado de si mesmo. Um sujeito em Jamaica faz todos os anos 1000 th esterlinas com um prado que tem no Guinea-Grass.

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2 de Outubro de 1799

Fui a Filadélfia ver se tinha cartas e achei que os packetes50 que tinham vindo para o Freire foram para Inglaterra, onde provavelmente foram as minhas cartas. O Coronel Forest partiu hoje para Trenton. Eu fiquei com o poder de estar em sua casa, etc. O melhor tempo para plantar batatas em Mansland é junho; um agricultor, dali, me disse que as melhores batatas eram as que se plantavam depois da sega ou colheita, lavrando a terra logo depois de segado o trigo e plantando batatas. Um agricultor de Pensilvânia é de acordo que estas batatas são as melhores para a mesa, mas não em tão grande abundância como as que se plantam na primavera.

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1 de Outubro de 1799

Disse-me o coronel Forest que antes da revolução se fazia aqui muito inssinglasse, que empregavam na epuração dos liquores. Ele conheceu um homem que ficou rico só com esta manufatura; este homem comprava os sturgeons a ½ dólares, e, como habitava Pensilvânia, os peixes lhe vinham, principalmente, das vizinhanças de Trenton. Passei a noite em casa de um Dr. Boticário com a família do meu coronel. A planta de que tenho a casca é provável que seja a que na Jamaica chamam Cabbage Tree, segundo as informações que deram; é uma grande árvore que cresce nos montes daquela ilha.

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30 de Setembro de 1799

Hoje, parti na stage para Germantown onde mora o Coronel Forest, e tendo jantado, etc., com ele aí fiquei. Tem uma filha de 14 anos que toca cravo, canta, desenha e sabe francês. (Explicou-me a razão da batalha que aqui se deu, e perdeu pelo General Washington, que foi porque, quando o general mandou tocar um tambor de trégua para falar à gente da casa de pedra, os americanos, que estavam na coluna da esquerda, cuidaram que era toque de retirada e voltaram para trás, sem que achassem oposição, e, como era tropa indisciplinada, os oficiais não puderam fazer nada; isto me disse o mesmo Coronel Forest.) À tarde fui passear com ele e trouxemos uma grande quantidade de plantas, que eu quis dessecar.

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29 de Setembro de 1799

Hoje, sendo domingo, fui procurar Guilleman que não achei; dirigi-me a Hamilton, lá jantei, e encontrei Guilleman, o qual me explicou a razão das diferenças entre os comissários ingleses e americanos, e vem a ser que os americanos devem pagar em moeda esterlina, que ele interpreta moeda de Inglaterra, e os americanos querem que sejam bastantes os pagamentos que fizeram em papel-moeda, no tempo da sua maior depreciação, e obrigando a receber, etc. Vi no Mr. H. o caffe do Kentucky. Aqui me encontrei com o Coronel Forest que me ofereceu a sua casa para passar lá alguns dias, o que eu imediatamente aceitei.

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28 de Setembro de 1799

Parto de Springfield às 4 horas da manhã, e às 8 estávamos no pouso do almoço em Bambrook, 20 milhas já passadas, porém, tendo se rebentado um correão do coche, fomos obrigados a esperar até às 11 que ele se compusesse. Jantamos daqui 24 milhas em Peny-Town onde paguei por nós três, dois dólares; passamos depois o Delaware em uma ferry onde entrou coche e tudo, e o barco andava à vara, e tendo mudado de stage em New-Town, distante de Filadélfia 24 milhas, vi aqui um meeting para a eleição onde dançavam e se embebedavam antes de votar: tratava-se de nomear os inspetores para governador, etc.; à noite tendo chegado às 10 ½ a Filadélfia não achei estalagem que me quisesse receber, e por fim fui parar ao Valle onde tinha estado.

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27 de Setembro de 1799

Pela manhã o paquete não quis partir para New York com medo da febre, e por isso fomos obrigados a partir de manhã em uma escuna, em que pagamos cada um mais um dólar por pessoa, além de termos pagado por inteiro a passagem ao capitão, apesar de nos não levar onde queríamos. Cheguei ao cais, não entrei à cidade com medo da febre e... a barca onde tomei às 4 horas a stage em que parti para Filadélfia pelo novo caminho de Swift-Sure; à noite pousamos em Springfield 18 milhas da ferry; paguei a ceia e cama, e me fui ao leito tendo tido todo o tempo da stage uma grande, livre, conversação com a companheira de viagem.

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26 de Setembro de 1799

Pela manhã, tínhamos viajado quando acordei algumas milhas. Ao meio-dia estávamos em New-Haren, e à noite fundamos ao pé de Hollgate, sem mais novidade.

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25 de Setembro de 1799

Hoje, pela manhã, o meu hóspede me apresentou o seu bill, no qual me carregou um dia de mais 3 dólares de vinho que lhe não pedi, e depois de alguma reflexão que lhe fiz me restituiu só meio dólar; isto não é admiração, porque quase sempre assim me acontece. Um sujeito que morava comigo me pediu tomasse debaixo da minha protecção uma francesa que tinha vindo de Filadélfia a New-Port para alguns negócios, e que não falava nem entendia uma só palavra inglesa; e é de notar que está na América há 6 anos; com efeito, tomei conta dela porque é casada, e seu marido, um negociante rico, que está na Havana para onde ela vai; chama-se Prans, se bem me lembro. À noite fundeamos em Black Point, em Connecticut, tendo feito 60 milhas de viagem porque o vento era muito fraco fronteiro.

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23-24 de Setembro de 1799

Estes dois dias se passaram sem alguma coisa de novo, e por isso os conto como um borrão negro no meu diário.

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22 de Setembro de 1799

Domingo. Observa um almanaque que há nos Estados Unidos, presentemente, 7 universidades, 16 colégios e 60 academias. Um bostonense, que loja comigo, teve a impudência de dizer a um inglês, hoje à ceia, que as universidades de Inglaterra e Escócia estavam 50 anos mais atrasadas que a Universidade de Cambridge, em Boston. Esta anedota para mim, que observei a tal Universidade, me prova bem o orgulho e a petulância dos americanos. No “Repository of Arts and Manufactorys”, de Londres, cuido é o 2º volume, há um extrato das actas da Academia de Lisboa, duma memória de Vandelli com um galante comento.

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21 de Setembro de 1799

Hoje, passei o dia a escrever sem adquirir uma só idéia nova. À noite fui ao teatro que é uma casa de grandeza proporcionada à terra; e a representação constou de algumas muito más pantomimas; toda a orquestra do teatro constava de um homem calvo e velho, que tocava uma muito má e desafinada rabeca.

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20 de Setembro de 1799

Esta manhã parti para New-Port, no paquete todo o resto como dia 7 deste mês (o bote ou paquete em que vínhamos custa preparado ao mais 500 dólares). Um sujeito que esteve na Geórgia me
deu esta informação sobre o algodão: cada hill contém três pés que produzem 4 th. e ocupam 2 pés de terreno.
Assim que desembarquei me procurou o quaker Mr. Alocum que mostrou a casa de Mr. Brinton onde me hospedei.

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19 de Setembro de 1799

Parti em uma stage; paguei 6 dólares por mim e pelo rapaz, e, como a mala pesava mais do que devia, paguei mais meio dólar.
Jantei em Wrentam e paguei 2 dólares por mim e criado; à noite estava em Providência, e pousei na casa em que pousei da outra vez, e paguei esta manhã 1 dólar e 75 cêntimos, recebi o meu baú que tinha vindo num vagão de Boston e paguei 1 ½ dólares, mas o homem queria 2 dólares; sempre costumam chupar mais, se podem.

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18 de Setembro de 1799

Hoje, fui com o Dr. Fleet ver a prisão que é muito má, mas nela só havia 35 presos por todos. Este mesmo foi quem me mostrou ontem a Alms House, porque ele é o médico de ambas as instituições. Fui depois ver o Dispensatório da cidade de que tenho as regras no caderno de observações nº 5 e visitei com ele alguns dos seus doentes.
À noite, fui com o Dr. Dexter a um Clube onde estavam 12 pessoas; conversaram insipidamente sobre vários objetos, beberam, comeram alguma fruta fresca e passada, e depois de duas horas de clube nos retiramos. O dono da casa era um primo-irmão do Presidente, e tem estalagem ou boarders, como eles lhes chamam.

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17 de Setembro de 1799

Fui ver a Alms House, que é um muito mau edifício ao pé do Mall; gente velha é que habitava principalmente esta casa: teria 100 pessoas.
A casa é indigna, o tratamento sofrível, mas a tranqüilidade perfeita. Entre os doidos havia uma mulher que gritava continuamente que temia ir para o inferno, para onde supunha ir indefectivelmente. Falei hoje com um lavrador de Georgetown em S. Carolina que me disse que a plantação do tabaco lá era diferente da que usam aqui, porque no sul não se lhe cortam os topes, mas muitas folhas, de modo que as outras ficam grossas e densas, talvez por esta razão; disse-me o mesmo, a respeito do arroz, que o costumavam aguar com diques, que fazem nos rios onde a maré opera, mas que provam a água para saber se tem sal, porque a menor quantidade de água salgada mataria o arroz; disse-me, havia diversas qualidades de engenhos para o descascar, que todos foram inventados 20 anos a esta parte, pois antes os não havia, e que cada vez se melhoram mais e aperfeiçoam. O algodão é uma muito proveitosa cultura porque um rapaz é tão serviçal como um homem, o que não acontece no tráfico do arroz, anil, etc. O Coronel Wade Hamton espera fazer este ano 18.000 th. esterlinas em algodão das suas plantações. Tem-se feito muitas experiências a respeito do cânamo que dão todas as esperanças, e naquele mesmo lugar há um Mr. Dupris (se bem me lembro), que está ocupado em publicar tudo quanto é preciso (sic) saber- se pelos lavradores para o melhoramento da agricultura do país.

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16 de Setembro de 1799

Esta manhã, fui com uma carta de Mr. Dickins ouvir o Dr… de Water-House, em Cambridge; achei-o a dar a sua lição sobre os elementos primos e combinação da matéria, no que, para explicar como os corpos crescem, admitiu alma até nas pedras, para mostrar que as diferentes combinações da matéria produzem diferentes qualidades. Misturou duas substâncias brancas, que ele disse haviam mudar de cor, mas tal coisa não aconteceu; ele atribuiu isto ao ar, etc. Chama às suas lições “natural philosophy”, e, pela exposição que fez, tem de explicar no curso das suas lições em seis meses: História Natural, Física e Química! O quarto era espaçoso e ornado com grandes retratos dos instituidores de diversas cadeiras: Washington, Ams., etc. Passei depois à livraria que consta de 1.800 volumes, a principal parte de Teologia, e muitas obras repetidas, porque, sendo composta de doações de particulares, muitas vezes se encontram 3 exemplares do mesmo livro. Os livros não estão arranjados segundo a ordem de ciência mas segundo os doadores; assim, estão em diferentes gabinetes os livros de Teologia, de História, etc. Há, porém, a Enciclopédia, e muitas outras bela obras. Fui depois ao Museum, que apenas merece este nome, pois consta principalmente de vestidos e armas dos índios, que inda que na Europa seja raridade, neste pais é uma coisa muito comum. Havia um navio feito de vidro: as cordas, e tudo o mais de vidro, que digno de ver-se. Havia 4 ou 5 quadrúpedes empalhados mas tão mal que não tinham mais que a pele de semelhante. Há, também, uma dúzia ou mais de vidros com espírito de vinho, onde estavam algumas cobrinhas naturais deste país conservadas. No tal quarto grande havia uma pequena linda colecção de minerais, que foi um presente que a terrível República (França), disse-me o Dr., fez a este colégio. Quando saí, estavam os estudantes à mesa, olhei da porta para o quarto, e o comer fedia em lugar de cheirar; as mesas eram muito porcas, os estudantes de chapéu na cabeça, etc. Disse-me o doutor que as despesas de um estudante não montavam a mais de 2 dólares por semana, e um papel que me deu, na conta que Stuart deu a um, são quase 9 dinheiros por quartel ou 3 meses; mas este não se loja no colégio. Fui depois a sua casa, que é defronte, e me mostrou uma pequena colecção de plantas secas, que tinha em um livro, coisa de 100 entre elas; havia bonitas e bem preservadas espécimes de Cassia Chamai Chista ou American Sonna; Poá, broom grassassium, assim chamado porque é de que fazem as bassoiras na América; Panicum Tenuflor, Elynus, Panicum Cirgatum, Arenlus Virginiana; Wild Horse Chesmet, – a raiz desta planta é usada em lugar de sabão, e lava melhor que nenhum outro álcali; Poligala Senaka, Rattle-Snoke-Root Ceanothus Americanus, New Jersey ba, Robinia Rhus Toxicodendron, Sophora Tinctoria, Wild Indigo, etc. Deu-me More-Sueto um copo de vinho, e disse-me que uma campainha que tocava chamava por ele, o que era mentira; em consequência me fui embora, etc. Entre as curiosidades do Museum havia uma grande escritura em um papel a que eles chamam characters ou Deighton Rochs, que estão gravados nestes rochedos e se supõem ser escritura dos índios.

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15 de Setembro de 1799

Boston tem duas grandes cordoarias ao pé do Mall. Fui à igreja dos católicos que é muito pequena. Prega em inglês um clérigo francês sobre a necessidade de chamar os padres quando se está para morrer. O padre sabia bem a língua, mas o acento era tão mau, e custava-lhe tanto a pronunciar, que mais trabalho tomaria em estudar a recitar que na composição da oração. Hoje, devia aqui fazer a descrição da cidade de Boston, mas omito porque a tenho impressa e metida no caderno de observações nº 5, no que posso fazer as emendas de cabeça. Fui passear na segem com as filhas do meu hóspede; passei pela ponte de Charles River, e depois saí de Charlestown Boston; apresentou uma linda vista, aí vi uma pequena quinta onde havia um velho que tem 22 vacas e há vinte e tantos anos que se levanta de manhã, muge as vacas, vai vender o leite no mercado de Boston e volta a jantar, a caiar, exercício que faz todos os dias impreterivelmente há vinte e tantos anos. Cheguei depois a Cambridge, vi o colégio por fora e voltei para a cidade pela outra ponte chamada de Cambridge; vi o novo edifício para a Work-House, de tijolo, na borda da praia, e bem extenso. À noite, me veio visitar o Dr. Brown com uma carta do Dr. Mitchell em que me recomendava e louvava a minha carta publicada no Medical-Repository. Perguntei a razão porque Charlestown era menor que Boston sendo mais antiga, e me disseram porque o porto não é tão bom e, segundo, porque há 20 anos foi todo queimado, o que se vê das casas que são todas novas. Boston sofreu também muito pelo terremoto que teve em 1727. Vi em algumas as grades de pau, que cercavam o jardim, pintado a pó de pedra ou areia grossa, que suponho ser a areia em lugar de tinta misturada com óleo e dessecante, o que faz parecer as grades, de pedra, dando-lhe uma linda aparência.

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14 de Setembro de 1799

Esta manhã, fui a Charlestown. Mr. e Senhora Donough me fez tais pesquisas sobre Coimbra que suponho quer mandar o filho para lá. Em Massachusetts cultivam, muitos lavradores, tabaco para o seu próprio uso; semeiam a Nicotina Tabacum (que vi dia 8) em bom estrumado terreno; quando começa a florescer cortam-lhe as espigas, a que chamam pick up the tops, e mesmo lhe tiram algumas folhas das mais chegadas ao chão, depois (por este tempo, uns e outros, na queda do ano) colhem as flores e põem nos barris a secar; estes barris são abertos, de modo que parte do dia recebem sol, e sempre ar. Um lavrador, que me deu esta instrução, me disse que se podiam colher as folhas em qualquer tempo antes das neves. Depois de seco o enrolam sem outro algum benefício.
Os pinhos de Weimouth são o mesmo que White Pine. Na aldeia deste nome não há pinho algum, e este nome se originou em Inglaterra do lorde Weimouth, mas os ingleses chamam a este pinho New-Inglarpine. Aqui usam fazer uma certa espécie de carrinhos de molas com as molas de um pau chamado ash (Sorbus-Americana). (Vide a pintura no caderno de observações nº 5, nota D.)
Hoje, jantei em casa de Mr. Me. Denough onde havia uma pequena companhia; estive lá até à noite.

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13 de Setembro de 1799

Hoje, fui tomar chá com a família de Hinclay e Messinger, de que falei; havia uma brilhante companhia. Todos os que sabiam cantaram alguma moda, homens e senhoras. A comida foi servida com vinho e maçãs de diversas qualidades, 3 ou 4 vezes: uma franqueza, afabilidade superior a tudo o que posso explicar. É chegado um navio de Lisboa aqui, outro a Filadélfia, cartas para mim nich.

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11 de Setembro de 1799

Esta manhã, fui ver Mr. M. Donogh, a Charlestown, para quem trazia uma carta de Mr. Bond. Este velho é o cônsul inglês aqui. Charlestown é uma aldeia que fica defronte de Boston, da outra parte do rio Charles; atravessa-se este rio, em uma ponte, que todos dizem ser a melhor dos Estados Unidos, ela tem 1.503 pés de comprido e 43 de largo; é toda de madeira, edificada sobre 75 marachões a que os americanos chamam piers; umpier é um cubo formado de grossos passos cheios de pedra e largado no fundo do rio; uma enfiada destes piers, com paus passados de uns aos outros, constitui esta ponte que custou 50.000 dólares, e que começa já a apodrecer. É de notar que foi feita em 1787. No meio há um alçapão que se abre para deixar entrar ou sair os barcos, mas suponho que é muito pouca a navegação deste ribeiro, porque não vi nele um só barco; é iluminada por 32 lampiões que contêm postos pelos lados; no meio da ponte há uns arquinhos nos quais estão escritos, de um lado, Suffolk, e de outro, Midlessex, denotando que Boston e a metade da ponte pertencem ao Condado de Suffolk, e que a outra metade, com a aldeia Charlestown, que lhe fica contígua, pertence ao Condado de Midlessex. De cada vez que passei a ponte paguei 48 réis ou 6 cêntimos, que me pareceram tão necessários como bem empregados. Depois de ter conversado insipidamente com o velho cônsul, fui só ao Bunker-Hill onde se deu a primeira batalha na revolução da América, e aí achei uma pirâmide com as armas dos pedreiros livres em cima, e com uma inscrição que devia ser erigida pela loge dos pedreiros- livres em memória do General Dr. Joseph Warren. (Nota: este homem nunca tinha sido militar, inda que tinha estudado a táctica teoreticamente, pois que a sua profissão era médica; eu falei com seu irmão que é um médico, Dr. Warren, professor em Cambridge, que foi morto na batalha,
naquele lugar, e que era, naquele tempo, Grande Mestre dos Maçons, de Massachusetts.) Voltei deste lugar e vi que a parte do rio Charles próxima a Boston faz uma enseada que estava cercada com um muro, e é uma grande presa para uns moinhos de serrar madeira, porém, esta água estagnada não pode deixar de ser muita nociva à saúde dos habitantes de Boston, pois que estava coberta com uma capa de vegetais podres. O campo nos arredores estavam coalhados de gafanhotos (Grilus Maxillosus). Fui depois a State-House; é um elegante edifício, bem regular, espaçoso e comodo; no pavimento estão as secretarias de várias repartições; no primeiro andar a sala dos Representantes, que redonda com os assentos em anfiteatro e cadeira de speaker, e no pavimento adiante, bem no centro deste círculo, os assentos dos escrivães ou secretários da casa; aqui há uma mesa e por baixo, em uma pequena estante, estão 6 volumes em fólio, cada um preso por uma corrente pregada na capa. Estes livros constam dos acórdãos e determinações
da Assembleia; o primeiro volume começa em 29 de maio de 1776, em Watertown, no Condado de Midlessex, quando se intitula Colónia de Massachusetts-Bay; e o 6º acaba em 1729. Os assentos todos estão cobertos com um dossel de ficurrl., (?) preso pelo centro e pendurado no meio da casa. A um lado está a sala do Senado, menor e não tão bem arranjada; sobre a porta desta sala está uma espingarda e um tambor ou caixa de guerra, e um capacete, que o general………………tomou aos ingleses na batalha de …………… e como ele era de …………… a mandou ao Estado de Massachusetts. Subi depois à cúpula ou zimbório, de onde se goza a vista de toda a vila de Boston-Baía, ilhas que formam a barra, Lighouse, etc., e tive o gosto de ver 180 vasos que saíam pela barra fora, todos chalupas, e barcos, que tinham sido detidos e acumulados no porto pelo mau tempo que durou 8 dias. Encontrei na rua Mr. Dickinson que me apresentou três ou quatro pessoas como a botânicos, e cada um deles negou sê-lo. A um que disse tinha uma boa coleção de plantas lhe perguntou ele: “Então para que nos impõe; é botânico, ou florista, ou o quê?” Fui depois ao banco, que tinha na porta da sala um papel com este rótulo: Keep your hats on if you please. A rua em que moro é State-Street, porque nela está a velha State-House, e no fim desta rua está o cais chamado Long-Warf, talvez a melhor coisa deste género que tenho visto na América; defronte desta rua está Court-Street, assim chamada porque nela está a casa dos tribunais, e ao pé, a cadeia; uma e outra não merecem alguma atenção. Work-House
não tinha mais que uma pessoa a trabalhar, e Alms House está de todo arruinada.
Na minha rua estão parados os negociantes a fazerem da rua Exchange ou Praça de Comércio, não havendo aqui um café de comércio regular como em New York e Filadélfia. As raparigas aqui passeiam muito em Malborough-Street, que tem mais os nomes de Cornhill, e …………… Street, vão também a Union-Street porque aí estão as loges de canquelharia.

À noite fui passear ao mole, onde encontrei algumas pessoas e muitas putas; o passeio é muito extenso, tem duas ruas formadas por três ordens de árvores bem copadas e, a um lado, um vasto campo sem árvore alguma, no fim do qual está a nova State House. A ponte que está em West Boston e passa por Cambridge é maior três vezes que a de Charlestown e feita exactamente com o mesmo risco e método; tem 3/4 de milha e comp. conseqnay é mais duma milha

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10 de Setembro de 1799

Hoje, fiz uma visita ao Dr. Dexter que me satisfez muito mal todas as questões que lhe fiz; deu-me dois folhetos que contém as publicações da Sociedade de Agricultura, etc., de Massachusetts; e segurou-me, o mesmo, que o Dr. Mittchel me disse não haverem minas nos Estados Unidos e nenhumas, absolutamente, em Hampshire, como diz Morse na sua geografia, etc. Disse-me que a casca mais usada nos curtumes era uma espécie de Hemlock (Pin Abies Americana), que tinha um gosto muito amargo, adstringente.
Disse-me que Batering-House ou Alms-House e hospital eram tão maus que me pedia não os fosse ver: o hospital é nada.

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9 de Setembro de 1799

A primeira coisa que fiz, depois d’almoço, foi perguntar quanto devia pagar por semana, e me disseram que 7 dólares por mim e nada pelo criado; fui, depois, entregar a Mr. Dickisson uma carta de Mr. Nond; tratou-me muito afavelmente e pouco depois me encontrou na rua e me apresentou ao Dr. Dexter como um homem de ciência.
Fui ao monte chamado Beacon-Hill onde está sobre uma coluna a águia americana, e, no pedestal, várias inscrições. À noite, fui tomar chá com a família de um capitão de navio, meu compassageiro de New York; o irmão era um chapeleiro, mas eu fui tratado com o maior respeito possível.

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9 de Setembro de 1799

Depois de ter almoçado, paguei a Mr. Gramons 1½ dólar por mim e pelo criado, e parti numa pequena stage (com mais 3 passageiros), às 9 horas e meia; a milhas de caminho estava em Nanturket, e como a stage parou para compor uma coisa da roda eu fui ver cascata, que seria muito linda se não estivesse desfigurada pelos diques e presas, que lhe tem feito para moerem moinhos, e a ponte sobre que atravessamos o regato.
Era domingo, e vi toda a gente a cantar, a dançar, etc., o que sendo contra o costume da América, me obrigou a perguntar a causa, e me disseram que, nesta terra, o modo de louvar a Deus era descansando ao 7º dia dos trabalhos da vida e gozando os prazeres que o Senhor pôs neste mundo para os homens, que o melhor culto era obedecer a Deus, que certamente obedecia quem gozava do que Deus concedia neste mundo sem disturbar os outros. Este povo não tem nem igreja nem padres; as mulheres são tão lindas como em Providência, asseadas, e passeiam infinitamente mais engraçado que em New York. A algumas milhas daqui encontramos o tounde ou o meeting, que é de presbiterianos. Entrei. Dentro estavam ao ofício divino, cantando salmos. Depois, encontrei outro meeting da mesma seita, igualmente bom, e como estes towns têm muitas vezes 4 e 5 milhas de comprimento havia muita gente que ia nas suas seges para o meeting; entre estas encontrei duas meninas sós, em uma segem (sic) de um só cavalo, que uma delas governava. Ao sair de Providência, encontrei muita gente que saía em seges e a cavalo, homens e mulheres a passar o dia no campo e principalmente em Nanturket, e ao chegar a Boston encontrei muita gente que recolhia do mesmo modo. Às 18 milhas de Providência encontrei o meeting de Wrenthan, que é um belo. Aqui me parei um pouco, que um farmer tinha uma plantação de tabaco para o seu uso; era o tabaco de folha larga (Nicotina tabacum). O terreno até Boston era sempre pedregulho e por consequência era cheio de pinheiros de duas qualidades, de folha miúda (Pins Strobus), principalmente, e de folhas compridas (Pins Toda), e havia também Athobinio pseudo acacia. Os arredores de Nantucket estavam cobertos de macieiras (observei que estavam muito vexadas com carterpillares e várias espécies do tenthredo, principalmente o T. Cerasi) tão carregadas de frutos que os ramos se quebravam, e o chão estava coberto de maçãs que caíam (ajuntam estas maçãs em carros, levam-nas a uma prensa onde lhe extraem o suco que põem a fermentar. Este líquido é chamado cyder, a mais usada beveragem em Nova-Inglaterra). A terra toda sofrivelmente cultivada. Os cercados são feitos com muros de pedra insossa, o que lhe fica mais cOmodo que nada, pela abundância da pedra que está espalhada no campo. Às 2 ½ chegamos a Tantown onde jantamos, e eu paguei pelo jantar 2 dólares, fora o que bebi. Aqui são 22 ½ milhas de Boston, exactamente metade do caminho para Boston. Mudamos pouco depois de stage, e notei que havendo entre os drivers uma disputa sobre o que devia continuar, pois que ambos pretendiam não ser o seu turno, um disse que os passageiros não deviam sofrer pelas suas disputas, que ele cedia, mas que desafiava o outro para jogarem os murros quando viessem de volta, o que é um duelo muito usado; depois disso o campo, cultura, produções, gente, vestidos, etc., foi sempre igual até Boston. Os rapazes que encontrávamos no caminho nos faziam uma grande cortesia: alegre e cortês gente em geral, inda que raros tiram o chapéu. Vi também algum linho a orvalhar, mas não cânamo, diversas plantações de tabaco.
Às 7 horas passamos Bosbumy, tendo já visto a bela Dedham. Às 7 ½ horas chegamos a Boston, e tendo-me oferecido um mau quarto na 1ª estalagem, a que chegamos, não o quis aceitar e fui para outra.

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7 de Setembro de 1799

Esta manhã, tendo pago a casa onde parei ontem, jantei, dormi e almocei, hoje, 1 dólar por mim, e ¾ pelo criado. Partimos em um bote para Providência, que era do mesmo feitio que o outro de New York, e havia uma quantidade de negras e negros passageiros. Um dos negros (que eram todos asseadíssimos) puxou pela sua rabeca e começou a tocar; isto estimulou um rapazote que dançou uma giga na câmara, e a poucos passos o capitão, que seria um homem de 40 anos; começou a dançar, com ele, um velho de mais de 50 anos, numa palavra: a rabeca do negro pôs toda a câmara em movimento. Nós tínhamos largado de New-Port às 9 ½ e às 11 ½ estávamos defronte de Bristol, metade do caminho. As ilhas que encontrava não se faziam notáveis senão pelos nomes (vide dia ontem). Às 2 horas tínhamos chegado ao cais de Providência, gastando com vento fraco 4 ½ horas nestas 30 milhas rio acima.

É Providência situada na margem de um pequeno rio navegável por grandes vasos até à vila, e aí há uma ponte, e da outra parte do rio está quase a metade da vila. A ponte está em direitura de uma rua que corresponde com outra do outro lado, fazendo um lindo prospecto. O todo tem mais de 800 casas, a maior parte de pau, inda que muitas de tijolo, porém, mesmo as que são de pau são elegantíssimas, e belamente ornadas.
Terá 4.500 habitantes. Os edifícios públicos que observei foram o colégio, que é chamado Rhode-Island College, um edifício de tijolo, pequeno, e que não contém alguma coisa de notável; uma bela igreja dos baptistas, de pau, porém grande e talvez o melhor templo que tenho visto na América; uma outra com duas torres, de presbiterianos, a Town House ou Casa da Cidade – é menor que a de New-Port. Havia muitos navios nos cais, e a terra me pareceu em actividade, e muitos edifícios novos; 3 navios em estaleiros; uma boa manufactura de panos, várias destilarias. A casa do café, ou exchange, é bonita e perto da ponte; defronte está o mercado, que é aberto de todos os lados, mas por cima tem dois andares muito extensos, pois que tomam todo o comprimento do mercado 200 pés. No primeiro andar há várias repartições públicas. Companhia de Seguro, Distribuição de Terras, etc., e segundo o último é uma loge de pedreiros-livres, que tem as suas armas ou insígnias em ambas as extremidades do edifício. As mulheres são belas. Paguei no Paquete 3/4 de dólares por mim, e por alguma coisa que comi, 1/4. Fui hospedado em uma bela casa; tinha havido há poucos dias o Commencement, e havia inda muita gente da que concorre a esta quase festividade pública.

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6 de Setembro de 1799

Tendo recebido ordem para nos retirarmos, se moveu uma porca dúvida sobre as despesas; se deviam ser feitas à custa do capitão, ou dos passageiros, por fim nós pagamos. Saltamos a terra às 2 da tarde, e depois de jantar corri a vila (town). Main Street é uma rua que corre quase paralela à praia, de meia milha de comprimento, bem direito, mas demasiadamente estreito para o comprimento que tem; há um mercado do mesmo feitio que os de New York, mas fechado de todos os lados e muito ridículo.

Havia uma manufactura de pano para velas dos navios, que era de madeira (assim como todas as casas de New-Port, à excepção de 6 ou 7); no primeiro pavimento estavam 24 teares, mas só dois trabalhavam; no primeiro andar estavam as rodas de fiar, mas ninguém trabalhava, e no 2º andar eram também o mesmo número de rodas de fiar, mas não havia mais que duas fiadeiras, porém, tem tido 60, algumas vezes. Passei depois a ver uns moinhos de vento que estavam para esta parte, que eram feitos de madeira com as velas quadradas ou rectangulares em lugar de triangulares, o que é muito desvantajoso, e demais estavam totalmente fora de repairo.
Perto destes moinhos estava Tornini-Hill, onde os ingleses, no tempo da guerra, queimaram uma excelente casa. Há em New-Port uma olaria de louças grossas, um excelente curtume e algumas destilarias, mas, em uma, que entrei, só um homem trabalhava, que dava à bomba para passar uns melaços para outra parte. Staten-House é o melhor edifício de New-Port, tem um só sobrado, 6 janelas de frente e uma porta no meio; é de tijolo com os cantos de pedra, mas por dentro está quase destruída porque os ingleses lhe tiraram os repartimentos para acomodar lá soldados, e depois disso os new-portenses nunca mais a reedificaram. A maior parte das ruas está cobertas de relva. Fui ver a célebre livraria pública; estava fechada, e o pátio também fechado; mas olhei pelos buracos da velha porta do pátio e o vi tão cheio de relva que não suponho alguma pessoa visita aquela casa, que sendo de madeira, com um alpendre na porta sobre quatro colunas de madeira, não tem quase livros nenhum – pela informação que me deram –, e foi destituída dos livros pelos oficiais ingleses.
Vi em uma loja de sapateiro muitos homens asseados que olhavam para o homem que trabalhava, sem fazer nada, e, do mesmo modo, muitos outros pela rua, e vi em geral a gente muito malvestida.
As senhoras que vi na rua eram bonitas e passeavam com um garbo muito superior a tudo o que tenho visto na América. Ainda que a terra seja pequena e pobre vi duas livrarias circulantes, pequenas, mas bem guarnecidas. Fui visitar o célebre viajante Stuart, mas estava fora da cidade e tinha ido para Albany Springs. Este homem é um inglês que viaja, diz ele, para bem da Filosofia. Diz ele que era um rico homem e deixou tudo, e vive do que lhe pagam pelas lições que dá; é de uma elegante figura, de uma língua especiosa, fala primorosamente, é afável ao último
ponto, cortês, e respeitoso quanto é possível; veste-se sempre com umas calças e véstia; não lava a camisa senão raras vezes, e lava-se em água suja; numa palavra: é porco por princípio. Não achou aqui discípulos e por isso se mudou. O porto é talvez o melhor dos Estados Unidos e por isso o fortificam para guardar aqui a esquadra, mas, apesar da bondade do porto, em Providência há mais negócio, o que me prova a pouca indústria do pobre povo do New-Port; demais, não vi uma só casa nova a fazer-se; só 3 navios no belo porto, que se faz notável com o resto da baía pelos nomes dados às ilhotas que há nela que são: Prudência,
Esperança, Desesperação, Paciência, etc.
Há, neste, pequenos Estados índios, que desde o princípio se têm conservado em Charleston, porque a legislação do Estado proibiu que se lhe pudessem comprar as terras; isto fez com que se estabelecessem como lavradores e estão quase civilizados. São perto de 500.

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5 de Setembro de 1799

Hoje esperávamos ser despedidos da quarentena, mas os oficiais da saúde têm medo de serem acusados de parcialidade, e por isso nos querem fazer estar aqui o mesmo tempo que esteve Denis, de modo que são injustos, realmente, por evitarem o parecer (veja-se o carácter destes magistrados em Barnaby, p. 145).

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4 de Setembro de 1799

O farol tem, na base, 24 de diâmetro e 13 no vértice; 58 pés de altura; o lampião é 11 pés de alto e 8 de largo.
O town de New-Port (que inda se não tem podido incorporar em cidade pelas oposições) terá 1.500 casas, a maior parte de madeira, perto de 6.000 habitantes, 2 igrejas ou lugares de culto público. A livraria está reedificada.
Fui hoje ver uma fragata que estava fazendo quarentena – General Green –, era assaz porca, e aí havia um português artilheiro, de cassilhas, e disse que ganhava 25 dólares por mês. Estive na pequena ilha onde há uma bela pequena fortificação de pedra e terra com seu fosso.

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3 de Setembro de 1799

Hoje, fomos a terra a um lugar que nos era permitido e visitei a fortaleza que se está a fazer para defender a barra, e se chama Fort Adany. O forte me pareceu muito bem delineado e próprio para defender a entrada, com qualquer pequena fortificação em uma pequena ilhota, que lhe fica defronte, mas de nenhum modo defende a cidade, pois que o desembarque pode, muito bem, ser feito no outro lado da ilha, onde há bom desembarcadouro e nenhuma defensa. (Em Easto’s Bay que é pela parte do mar de Rhoad-Island.) Na fortaleza estava um destacamento de artilharia e os oficiais nos receberam com aquela afabilidade militar americana que lhe faz honra. De tarde voltamos a terra e passamos uma grande ponte da ponta do sul da ilha. O chão era rochedo estéril, ou coberto de uma capa de terra muito delgada. Aqui há alguns farmers, mas muito fraca cultura; achei esta parte da ilha própria para manter rebanhos de cabras e ovelhas, e, de fato, havia algumas ovelhas.O meu criado fez-me hoje uma desatenção que nunca dele tinha recebido e foi dizer-me que ele teria muitos anos melhores que eu, e que me não queria mais servir, etc. Um passageiro e sua mulher foram para terra por ter casa em um lugar separado da vila.

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2 de Setembro de 1799

Hoje, demos a vela às 5 horas da manhã, e com vento fraco passamos a E. de Rock-Island, e chegamos às 3 horas da tarde ao farol (vide dia 4. Vi um farol na ponta do N. de Long-Island chamada Montannen- Point) de New-Port, que está situado no meio da baía em uma pequena ilha chamada Canonicut-Island (alguns chamam Connanicut), passamos ao N. desta ilhota e viemos a uma pequena enseada onde está situado New-Port, que é em Rhoad-Island, uma ilha que dá o nome a este Estado. Um oficial de saúde veio a bordo e nos ordenou fundear em certa parte e fazermos uma quarentena de 5 dias, ou o que parecesse conveniente ao tribunal de saúde. Nós representamos o tribunal por uma petição assinada por todos, que em New York já não havia febre amarela, e apesar de que um dos meus com passageiros é um dos do tribunal de saúde fomos obrigados a estar; eu cuido que a razão foi o haver outro paquete de New York nas mesmas circunstâncias, e por não mostrar parcialidade nos obrigaram a fazer o mesmo.

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1 de Setembro de 1799

Hoje de manhã, estávamos defronte de Stone-Brooklin, e depois de um tolerável almoço americano o vento refrescou e continuamos bem. Mrs. Wollstonecraft, a autora da obra Vingança dos direitos das mulheres é morta em Boston, e casou com um muito mau marido, me diz agora uma senhora: “Não me admira que se não dessem bem”, lhe respondi eu. À tarde o vento aumentou e o tempo começou a turbar-se; o capitão temeu ir adiante e se dirigiu a uma ilhota que fica defronte de New London, chamadoTishers-Island, e aí demos fundo em uma boa enseada. Eu fui a terra na lancha; era domingo, e encontrei a gente a trabalhar.
O dono da casa onde pousamos nos disse que trabalhava ao domingo porque era Sunday-Man ou Saturday-baptista, isto é, uma qualidade de baptistas que guardam o sábado como os judeus, mas trabalham ao domingo. Esta pequena ilha inda que nas costas do Connecticut é pretendida pelo Estado de New York e pertence atualmente ao Condado de Suffolck, que é o mais setentrional de Long-Island, com o que o tal alfaiate não parecia muito satisfeito. A ilha terá 9 milhas de comprimento, 100 habitantes e 11 casas; é uma boa enseada para a parte do Oeste. A propriedade desta ilha é toda de um Mr. Winkop or Lik, de New York, que a arrenda a pobres rendeiros; a água que bebem é de poços, e a lenha é escassa. Nos arredores desta ilha se pesca a maior parte do peixe que vai para New York, e grande parte passa a Jersey por terra e vai a Filadélfia.

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31 de Agosto de 1799

Hoje, deixei New York, às 3 horas da tarde, fazendo-me a vela em um paquete para New Port. O paquete era uma pequena escuna, com uma câmara maior que uma nau; tinha de cada lado duas ordens de beliches, uma por cima da outra, faziam por todos 24 beliches, e mais dois camarotes fechados, que eram para as passageiras.
Paguei de passagem 9 pesos por mim e 4 ½ pelo criado, com obrigação de me darem mantimentos. Pelas 5 ½ passamos Hell-Gate (Porta do Inferno), oito milhas distante da cidade; isto é um estreito formado por duas pontas de terra entre Long-Island e York-Island; aqui, faz a água tremendos redemoinhos e vórtices são ocasionados pela estreiteza da passagem, e por uma corda de rocha dos que cruzam o canal de uma parte à outra, e que se pode conjecturar pela parte que aparece na superfície da água. Alguns supuseram que estes vórtices eram ocasionados pelo encontro das águas da maré, que na parte meridional deste canal correm ao Norte, e na parte setentrional correm ao Sul, e, como em alguma parte se deviam encontrar, se supôs ser aqui, mas, hoje, está exactamente acertado que este ponto é em Frogs, algumas milhas acima. O capitão do paquete, inda que sempre tem andado nesta carreira, não se atreveu a passar sem piloto, e depois que passamos o canal ele nos deixou e se foi num pequeno bote em que veio unir-se a nós em New York. Só um hábil piloto se atreve a passar este canal com maré favorável,
ou parada, mas vento forte. Às 6 horas o Capitão mandou a terra a buscar leite e foi a lancha a uma quinta em Long-Island. O sonho e gritaria do meu criado.

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30 de Agosto de 1799

Hoje, fui visitar o General Eustace que me deu uma cópia da sua comunicação com alguns cidadãos da Holanda, sobre o estado político deste país, preito da invasão dos franceses; e me deu a ler a sua comunicação com o ministro americano em Londres; ele é um vidente democrata, contudo é muito unido aos interesses do seu país; é um homem de talento, mas um étourdi; tem sua instrução universal, mas uma grande dose de imposição; é pobre, e apesar das suas democracias falou- me muito nos parentes duques e generais, e mostrou-me o sinete das suas armas, etc. Disse-me que me daria uma carta de recomendação para um sobrinho do General Macpherson, que estava em Boston, mas, pelo modo com que se portou, suponho que me roera a corda, o que aconteceu.

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28 de Agosto de 1799

4ª feira . . . . .

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27 de Agosto de 1799

3ª feira. Não teve, etc...........................

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26 de Agosto de 1799

Disse-me o General Eustace, com quem falei hoje, que ele tinha sido ajudante de ordens do General Lee, que sempre foi contra o General Washington, de quem ele me falou muito disrespectful. Disse-me ele, falando do agente que tinha negociado em Holanda, que botelha de vinho Madeira, bem aplicado a Mr. Ridgelis, ganhou a casa de Staphorst, na Holanda, um milhão de florins, em um loan que negociou para os Estados Unidos!

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24 de Agoto de 1799

Hoje, me mudei para outra casa, e como a mulher está quase indo para o campo, brevemente me tornarei a mudar.

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23 de Agosto de 1799

Hoje, a minha hóspeda deixou a cidade e fui para outra casa, mas ela era tão suspeita que não pude estar lá mais que um dia.

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22 de Agosto de 1799

A febre tem-se mostrado horrorosa nestes dois dias, e o povo começa a desamparar a cidade, e eu, se não parto já, é porque não posso, e espero uma carta de Filadélfia.

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21 de Agosto de 1799

O termómetro, sexta-feira, 29 de julho, em New Milford (Con.) chegou a 100 graus acima de zero, às onze horas e meia; hora depois do meio-dia chegou a 103, que são 3 graus acima do calor do sangue. Hoje se enterrou aqui Tomás Weaver, capitão de artilharia, em S. Paulo, com as honras militares, e da Maçonaria, ou pedreiros-livres.

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19 de Agosto de 1799

Há quatro dias que está o tempo chuvoso e tão frio como no inverno em Portugal. A febre amarela tem principiado aqui as suas destruições já, e a gente começa a mudar-se para o campo. Hoje, achei, por via do Costa, um pobre português, quem aceitasse uma letra sobre o Callagham para o dinheiro, mas não mo dão aqui antes que a letra seja lá entregue e aceita.

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18 de Agosto de 1799

Um capitão de navio, que aqui se hospedou comigo, me disse que os Quakers (de que ele não era nada amigo) tinham na guerra da América seguido sempre o partido inglês, e que o pai de Roberto Waln, em Filadélfia, sofreu que lhes fossem tirar os trastes de casa para os venderem, porque ele não queria pagar as taxas debaixo do pretexto que a sua religião lhe proibia contribuir para a guerra; ao mesmo tempo, este homem fornecia o exército inglês com víveres, e quando o General inglês Graim tomou Filadélfia ele o presenteou muito. Eu tenho passado, hoje e ontem, indisposição de cabeça, e causas morais, faltas de cartas de Lisboa.

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17 de Agosto de 1799

Esta manhã fui para uma casa, para onde tinha mandado a minha bagagem ontem, e estando acomodado, como nas outras em que tenho estado, pago somente 6.d, 5.s e 8.p por semana, por mim e o meu criado. Hoje, jantei em casa de Joaquim Monteiro, onde tocamos músicas depois de jantar; e lá estava Mrs. Silva, viúva do antigo agente da Companhia do Porto que, como tinha um muito pequeno ordenado, morreu sumamente endividado, e com a mesma Companhia.

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17 de Agosto de 1799

Esta manhã fui para uma casa, para onde tinha mandado a minha bagagem ontem, e estando acomodado, como nas outras em que tenho estado, pago somente 6.d, 5.s e 8.p por semana, por mim e o meu criado. Hoje, jantei em casa de Joaquim Monteiro, onde tocamos músicas depois de jantar; e lá estava Mrs. Silva, viúva do antigo agente da Companhia do Porto que, como tinha um muito pequeno ordenado, morreu sumamente endividado, e com a mesma Companhia.

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16 de Agosto de 1799

Hoje, tendo pago ao meu hóspede, Mr. Thompson, recebi dele o recibo (que aqui se não perdoa pelas maiores bagatelas) e me mudei de casa.

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15 de Agosto de 1799

Hoje, tendo o meu antigo hóspede pago o aluguer, o meu cravo ficou desimpedido, e assim o pude entregar ao homem, que foi um prazer que tive neste dia. Determinando partir para Boston, e vendo que a minha bagagem era grande, me resolvi a mandar vender tudo, e me reduzi a um simples baú e uma mala para a roupa do criado que, com duas mudas de roupa e a sua roupa branca, deve estar satisfeito.
Amanhã espero resposta do Mr. Callagham a quem mandei pedir emprestado dinheiro. Hoje, fui convidado por Mr. Mourgue para o enterro de S. Rosier, o cônsul francês, aqui, um homem de um belo carácter, e um conciliador de partidos.
Hoje, fui apresentado a um negociante da Madeira, que aqui há, Joaquim Monteiro, rico, e que conhecendo bem ao Freire se admirou que este me não desse alguma carta de recomendação para ele; mas a mim me não admira isto, porque este passo vai coerente.

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14 de Agosto de 1799

Hoje, jantaram connosco muitos homens de fora, e os tostes me puseram com o estômago arruinado segundo o costume.

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13 de Agosto de 1799

Hoje, me mudei para o número 141, Broadway, para um escocês, onde estavam alojados quase todos escoceses. Principiei por fazer uma cura a uma criança, que ele tinha, porque, tendo eu empregado grande parte da minha vida em estudos médicos, tenho achado nas minhas viagens que nada me é tão útil.

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11 de Agosto de 1799

Hoje, como era domingo, e estavam os tais credores na igreja, eu e o outro tentamos de pôr fora tudo para uma casa, que ficava de trás, e eu pus os meus baús, que a este tempo estavam já vazios; e, como esta casa tinha saída para a outra rua, tudo se arrumou.

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10 de Agosto de 1799

O dono da casa me mostrou algumas esperanças de poder pagar, mas eu, na dúvida, tenho já procurado alojamentos.

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9 de Agosto de 1799

Hoje, se mudou o outro meu co-hóspede, mas eu fico até ver em que isto pára.

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8 de Agosto de 1799

Vendo que as coisas iam a pior, o meu criado foi fazendo trouxas pequenas de roupa e conduzindo-as para casa de Mr. Mourge, e inda que os proprietários tivessem uma loge nos baixos da casa, e os caixeiros sempre à espia, eles não desconfiavam de pequenas trouxas, que em vinte carretos tinham posto todos os meus livros e roupa fora de casa; porque, inda que o piano ficasse sacrificado, a roupa estava fora e os baús vasios.
O Dr. Mittchel me mostrou uma carta do Dr. Pristley, em que lhe aprovava a sua opinião sobre o Septon Acid nas pestes.

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7 de Agosto de 1799


Hoje, foi o commencent do Colégio Columbiano ou princípio dos estudos. No pátio do colégio se formou uma procissão com os professores, estudantes, pessoas que acompanhavam, e um bando de música procederam para a igreja de S. Paulo onde se achava grande número de pessoas convidadas, homens e mulheres, que se sentaram pelos pens. Ao pé do púlpito da igreja estava um anfiteatro, onde estavam sentados os professores, com as costas para a cadeira ou púlpito, onde estava sentado o Presidente do Colégio, que é um professor de Teologia, Mr. Jonston; os outros professores eram quatro, três vestidos com togas pretas, que são como as togas dos nossos desembargadores, mas sobre as casacas e não sobre as túnicas; os estudantes tinham as mesmas togas e alguns as traziam sobre a véstia de ganga, inda que todos os oradores estavam vestidos de preto; sentados os estudantes sobre os pens, e os professores em cima, que eram quatro, o Dr. Mittchel, professor de Química, o Dr. ..., de línguas orientais, o Dr. Kemp, professor de Filosofia Natural (o que estava de toga vermelha), e o Dr. ..., professor de....; subiu um estudante ao anfiteatro, e depois de várias continências deu as costas aos professores e recitou uma linda oração em latim sobre a utilidade da literatura, e quando acabou foi aplaudido pela orquestra; subiu, depois, outro, que orou sobre o governo, em inglês; e depois mais seis, cada um falava 15 minutos, e cada um sobre diversos objetos: sobre biografia, sobre a história, etc., e um sobre o belo sexo; esta plesanteria não me agradou no meio de um ato tão sério, inda que o objeto foi provar que as mulheres faziam a felicidade e o prazer dos homens, que os homens as tiranizavam porque exigiam delas virtudes que eles não eram capazes de praticar, que elas recebiam sempre uma educação muito tervial, mas que, apesar disso, elas estavam encarregadas de grandes encargos, tal era a educação dos filhos. No meio de todos estes
aplausos, ele pediu licença para apontar um vício que elas tinham no meio de tantas virtudes, e era que não eram essas condescendentes com os rapazes, etc.; tudo isto fez que a imensidade de senhoras, que atendiam, prestavam uma grande atenção, e eu, que lhe reparava nas
caras, lhe divulgava um sorriso de prazer; depois, o orador foi aplaudido por batedelas de palmas que estavam expressamente proibidas no papel impresso, que se espalhou com o detalhe da função. Não é de admirar que aqui se lembrassem das senhoras, porque em todos os jantares públicos se faz um toast ao fair sex do seu país, entre os tostes mais sérios. O último orador falou sobre o patriotismo. A função se adjournou para de tarde, e às 3½ continuaram outros oito oradores, intermisturados com música; no fim, todos os oradores receberam o grau de bacharel.

Hoje, à noite, uma rapariga, que alojava na minha casa, se quis mudar, e tentando levar o seu baú foi atacada pelo senhorio da casa, que a obrigou a retroceder porque os donos da casa lhe não tinham pago a quartel do aluguer. Eu perguntei o que seria dos meus trastes, pois que eu era também um hóspede; disseram-me que também estavam sujeitos a serem apreendidos pelas leis do país; é bem se supor que eu não me fui deitar muito satisfeito, principalmente porque eu tinha comigo um piano, que tinha alugado, e que eu devia entregar, e via o tal piano em termo de ser vendido pelo al...

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4 de Agosto de 1799

Hoje, domingo, estive Trinity-Church. É um bonito edifício, que foi queimado no tempo da guerra, e reedificado depois conservando o mesmo risco antigo. Vê-se bem que o arquitecto tinha em vista fazer um edifício ao gosto gótico, porém, suponho que currente nota urcens exit; pregava o bispo Prevost, que é gordo, e uma formidável cabeleira de anéis, muito empoada, ajudava a fazer-lhe uma figura respeitável. O sermão, à maneira América, era lido por um caderno, mas recitado com alma; as bíblias e livros, que estavam pelos assentos, tinham, ordinariamente na capa, o nome do dono. Esta igreja tinha um órgão excelente. Acabadas as orações e prédica, o povo entrou a sair, e eu, que tinha entrado em um dos peses, que achei com a inscrição – To strangers –, vi que o bispo só tinha batina, se pôs de sobrepeliz como o outro padre, e portanto me deixei ficar para ver o que faziam, e eles se meteram detrás do púlpito, e por consequência não os podia ver; saí para fora e subi a uma tribuna de donde vi que no intervalo que há entre o púlpito e a parede há uma mesa coberta com uma toalha, e aí se juntaram mais dois padres aos dois primeiros e consagraram ou fizeram sacramento como
dizem os teólogos: o pão era cortado em fatias quadradas, e estas subdivididas em pequenos cubos quase do tamanho de dados do gamão, que estando já cortados não estavam totalmente separados. Os quatro padres ajoelharam defronte do altar, um de comungar aos outros, e todos ao povo que tinha restado na igreja, e que se ajoelhou ao redor das grades que cercavam o altar. Um padre dava um destes cubos de pão, que a pessoa pegava com a mão e metia na boca, e outro dava um vaso com o vinho de que a pessoa bebia um golo; comungaram primeiro os homens, depois, as mulheres.

Esta igreja é tão rica que tendo-lhe sido estabelecida pela sua carta uma certa quantia, além da qual não podem adquirir mais estas rendas, tem crescido a ponto de lhe ser preciso vender terra para que não percam a carta.

Um rapaz, ao pé de quem fiquei, me explicou que a comunhão era só em certos dias.

Hoje, chegou um navio de Irlanda com 70 irlandeses – rapazes e raparigas –, estava ancorado em North River; eu o vi passando por Greenwich Str., e havia muita gente a bordo a comprar desta casta de escravos. Eu falo deste costume atrás, dia...

O ano passado vieram dois navios, um com 200, outro com 150, etc.

Chegou à nossa casa um homem de Filadélfia com a sua senhora, que eram conhecidos dos meus hóspedes; o dono de casa, entre outros cumprimentos, a beijou na boca e abraçou depois o marido.

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3 de Agosto de 1799

Atravessando a barca de passagem para Brooklin, em New York, um dos marinheiros que remava e estava muito bêbado chamou a outro irlandês; este respondeu que sim, era um irlandês, de que se honrava muito, mas que ele era um yankee. Informando-me sobre esta palavra soube que dão por escárnio, ou por graça, ou simples brinco, aos habitantes dos quatro Estados do Norte que formam a chamada Nova Inglaterra; supõem-se que provém de um povo selvagem de que os primeiros colonos ocuparam o terreno e que habitava entre Conecticut e Massachusetts. Bem como aos habitantes da Virgínia dão do mesmo modo o nome de Buckskim, porque os seus antigos eram caçadores e vendiam as peles de veados ou gamos; e que aos brasileiros chamam cariocas dos povos chamados cariocas habitantes do Rio de Janeiro. O Dr. Mittchil se recolheu hoje de ver a cachoeira do Fotohaw, chamado Fotohaw-Fall, que tem 10 pés d’alto, e se lança este rio em Second River, que eu passei, fica perto de Patterson; e a poucas milhas daí há as minas de cobre de Jersey que estão antes de chegar a Newark.

O Mock-Bird é um galante pássaro, que não tem canto fixo, e que por isso se assemelha ao rouxinol, porém, do mesmo modo que o bufo ou bobo de uma comédia se assemelha à primeira dama, ele arremeda, à noite, tudo que tem ouvido de dia; se ouve cantar outros à noite canta como eles. Alguns trabalhadores vieram aos matos trabalhar, o pássaro à noite canta exactamente como eles cantaram. Se eram ingleses ou escoceses vós podereis bem distinguir uma doce cantata; se eram alemães ele repetirá a grosseira gaissa de um suabio, ou de um alsaciano, algumas vezes chora como uma criança, ri como uma menina, enfim, nada é mais divertido que este comediante burlesco, que só representa no verão.

Hoje estive em Ann-Street, em uma igreja de episcopais. (É de notar que hoje é sábado e é à noite.) Assim que entrei, um homem, que talvez era o sacristão, conhecendo-me estrangeiro, me abriu um pese para me sentar e foi o melhor que encontrou, pois tinha os assentos forrados. A igreja, à maneira de todas as americanas, não tem altar; no lugar onde as nossas tem o altar é o púlpito e pela parte debaixo está uma mesa do feitio de um altar onde os padres têm os livros por que lêem, e os padres têm o seu assento entre o pé do púlpito, e esta mesa ficando por consequência com a cara virada para o povo. Por um livro, que encontrei no pese, vi que esta igreja reconhece dois sacramentos: baptismo e eucaristia. O ofício divino consta de umas rezas, e salmos, que repete todo o povo, depois prédica, depois salmos de todo o povo, cantados, e, finalmente, uma pequena oração que faz o padre.

Se em Permantown o General Washington – o flanco esquerdo do exército comandado pelo General Sullivan –, em lugar de perder tempo a meter em batalha, se avançasse sobre o campo inimigo, teria feito aos ingleses a derrota que recebeu; depois, a coluna do corpo de reserva comandada pelo mesmo Washington se divertiu a atacar a casa de pedra do pároco da rua, que tinha dentro alguns soldados que faziam um fogo de mosquetaria; podia o general tomar um dos dois partidos: ou de continuar a marcha pela rua adiante, sem se inquietar com o fogo de mosquetaria, que teria sido muito diminuído, destacando alguns fuzileiros que atirassem às janelas donde vinha o fogo, ou retroceder a marcha para se avançar pela parte de fora das casas, por detrás desta simples e única rua; então, era tomar outra casa defronte de donde podia fazer igual fogo e segurar a retirada no caso de necessidade.

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2 de Agosto de 1799

Os americanos que se vão estabelecer no interior fazem uma casa em dois dias, cruzando os paus, que tem cortado em 24 horas, bem como uma pilha de madeira, enchem-lhe os intervalos com barro, e passam a morar nela; derrubam o mato que lhe fica ao redor, queimam- no para limpar as terras, mas, ao mesmo tempo, aproveitam as cinzas, de que fazem potassa, que mandam vender à povoação mais próxima, e cujo produto lhe vem em ferramenta para cultivar a terra; passam imediatamente a plantar trigo e milho que lhe dá mantimento para casa e alguma coisa para vender, e com alguns animais e aves, que criam, neste ano, se põem estado de que no fim do segundo ano fazem a sua casa de madeira, ao modo americano, o que é obra de um mês até dois, pagam o preço das terras que lhe tinham sido dadas a crédito; e eis aqui, em quatro ou cinco anos, um farmer que vive muito confortable, como eles dizem, e que, se é um homem de indústria, é um membro da assemble, e um respectable citizen.



Gordonia lasianthus: a densa folhagem verde escura com rácimos de flores brancas odoríferas, sobre grandes elásticos pedúnculos, fixos nas extremidades dos ramos, no pé das folhas, e renovadas todas as manhãs, e em tal quantidade que a árvore parece toda prateada, e o chão tapizado com as que têm caído. Continuamente deita novos rebentões, e no inverno, e primavera, as folhas, que têm três anos de idade, começam a mudar de cor, tornando-se de verde por um amarelo cor d’oiro, tomando depois a cor escarlate, e, por fim, carmesim, ou purpúrea escura; poucos dias depois, deixam a árvore; assim se pode dizer que a Gordonia lasianthus muda o seu ornato todas as manhãs pelo ano adiante, aparecendo todos os dias com novo fausto, com decorações frescas. Depois de passada a primeira florescência, há uma outra camada de flores raras em várias partes da árvore, que se renovam quase todos os meses do ano. A sua habitação ordinária é pelas margens dos lagos, de pouca água, ou lugares úmidos e arenosos, mais próximos da água que outra nenhuma árvore, de sorte que, nas estações secas, as suas longas, asserpentinadas raízes, que correm horizontalmente próximas da superfície da terra, podem com facilidade obter a umidade que esta árvore precisa. Quando esta árvore tem chegado ao seu perfeito estado de crescimento tem 60, 80 e 100 pés de altura, formando uma longa pirâmide. O pau é empregado para os mais preciosos móveis, e tem uma linda cor de canela, com veios de várias cores. A parte interior da casca é usada na tinturaria, uma avermelhada-castanha, e tinge bem lã, algodão e linho, e também empregado avantajosamente nos curtumes.


O cactus opuntia (Bartram’s, p. 163) é muito alto, erecto e assaz forte para sofrer o peso de um homem; alguns têm 7 e 8 pés de comprido. O todo desta planta, ou árvore, é formado de articulações ou folhas ovais carnudas, compressas. As que ficam próximas à terra crescem continuamente, engrandecendo-se e adquirindo a consistência lenhosa quando a árvore se avança em anos; esta parte perde por fim a cor verde, que tinha, e o polido da superfície, ficando com uma casca escabrosa, esbranquiçada. Quase toda a planta é destituída de acúleos que se acham na erumbeba ordinária (commnon dwarf Indian-fig). O insecto da cochinilha se sustenta sobre estas folhas; a fêmea deste inseto é grande e carnuda, coberta com uma espécie de pêlo ou cotão branco que está quase sempre molhado ou humedecido, e parece designado pela natureza para o proteger do violento calor do sol; o macho é muito pequeno em comparação da fêmea, e pouco numerosos, tem cada um duas asas transparentes oblongas. As grandes flores polipétalas são produzidas nos gumes das últimas folhas; são de um amarelo esplêndido, e sucedidas por um grande fruto da configuração de uma pêra, que, quando está maduro, é de cor de púrpura lívido ou arrouxado; a polpa deste fruto tem grande quantidade de suco carmesim transparente, e o gosto é fresco e agradável, alguma coisa semelhante ao da romã. Pouco depois de comer este fruto, a urina se torna carmesim, o que admira e assusta aos estrangeiros não acostumados a este fenómeno, mas que não tem alguma consequência funesta, pelo contrário, os nativos julgam saudável este fruto, e um poderoso diurético

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